Papo de Varzea

Palestra Itália da várzea: Madrid mudou de nome na época da Segunda Guerra

UOL Esporte

A história do Palmeiras e a do Cruzeiro você conhece. Nomes iguais, colônia italiana, Segunda Guerra Mundial e uma mudança de nome que nunca foi desfeita. Na várzea de São Paulo, um time dos mais antigos tem uma história parecida para contar. Mas, no caso do Madrid, a tradição foi respeitada.

O time foi fundado no dia 1º de maio de 1937 no bairro da Mooca, em São Paulo, por imigrantes. As cores do time, o vermelho, o amarelo e o roxo, remetem à Espanha. Mas ao contrário do que o nome sugere, porém, não era um clube exclusivamente espanhol – na Mooca dos anos 30, era quase impossível conseguir montar um time sem incluir italianos…

A ligação óbvia com a Espanha e, de tabela, com a Itália, custou caro ao clube. Em 1942, o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial. No mesmo ano, o presidente Getúlio Vargas proibiu nomes ligados a países do Eixo. Tecnicamente, a Espanha era, como o Brasil, uma aliada. Mesmo assim, a diretoria do Madrid resolveu seguir o Palmeiras e trocar de nome.

“Na época, ter um nome estrangeiro era muito negativo. Com a Guerra, nomes como Espanha e Madrid, mesmo estando do mesmo lado, eram vistos com desconfiança. Por isso, a diretoria resolveu mudar o nome. O Madrid virou Tigre Varzeano”, conta Gaetano Carreri Neto, que foi jogador do Madrid desde a década de 40 e hoje é diretor do clube.

A Segunda Guerra terminou 1945. Teoricamente, com o fim dos conflitos terminaria, também, a restrição aos nomes estrangeiros. O Madrid, porém, ficou mais sete anos como Tigre Varzeano. A mudança veio apenas dez anos depois da imposição do governo Vargas.

Hoje, o clube segue em atividade, aos 76 anos. Disputa a Copa Kaiser e chegou às oitavas de final. É um dos 20 melhores time amadores de São Paulo.