Papo de Varzea

Conheça os quatro semifinalistas da Copa Kaiser

UOL Esporte

SEMIFINAL DA COPA KAISER

12h100 Valor x Nápoli
13h30Leões x Danúbio
  • No estádio do Nacional, na Barra Funda

No domingo, os quatro melhores times do futebol amador da cidade de São Paulo disputam uma vaga na decisão da Copa Kaiser. Mas quem são esses times? Os parceiros do Papo de Várzea Marcelo S. Costa e Eduardo Lima contam um pouco sobre Danúbio/Freguesia do Ó, Família 100 Valor/Jardim Panamericano, Leões da Geolândia/Vila Medeiros e Nápoli/Vila Industrial.

Dos quatro semifinalistas, só um é novato na área: o Família 100 Valor, que disputou a Série B no ano passado e estreou em 2013 na Série A do torneio. Os outros três tem histórias de sobra: o Nápoli foi campeão em 2002, o Danúbio, em 2007 e o Leões também possui o troféu, mas na versão Copa Metropolitana, de 2005.

Danúbio/Freguesia do Ó

Campanha: 10 vitórias, 9 empates e 2 derrotas

Time base*: Uruca; Ugo, Naldo, Café, e Rodrigo; Overdan, Pezão, Feijão e Rafael; Salomão e Baixinho.

O Grêmio Desportivo e Recreativo Danúbio, da Freguesia do Ó, nasceu em 12 de Outubro de 1968 ainda como Faixa Quente F.C. –  o nome atual foi adotado algumas reuniões. As cores predominantes são o azul e o branco, mas o escudo ainda tem uma leve alusão ao antigo nome, com a coroa vermelha. Os ramos verdes são uma homenagem para Nossa Senhora do Ó, padroeira do bairro da zona Oeste de São Paulo.

O time foi campeão da Copa Kaiser em 2007, batendo outro semifinalista de 2013, o Nápoli. O jogo terminou 2 a 2 no tempo regulamentar, com 4 a 2 nos pênaltis. Ganhou, também, o título da Série B em 2010 (na final, 1 a 0 sobre o Tutu, do Jardim Iporanga). Disputa a competição desde 2002 e, no ano passado, ficou em 15º lugar.

O time tem uma torcida organizada fanática, chamada Loucos da Frega, com um mascote que se destaca: o médico maluco.  Na sede, na Rua Carlos Alberto Moretti, na Freguesia do Ó, é fácil ouvir histórias sobre as vitórias da equipe. Principalmente quando o assunto é o grande rival, o Comercial de Pirituba. Como sempre acontece na várzea, a rivalidade é territorial. É aquela coisa do time da rua de baixo é melhor que o da rua de cima… No caso de Danúbio e Comercial, os dois bairros são vizinhos e, sempre que os dois se encontram, clima é de tensão e rivalidade.

O técnico do time é o Seu Juca, veterano ex-jogador do time. Presidente de honra do clube, ele não é reverenciado à toa. Neste ano, por exemplo, comanda uma equipe fortíssima, com uma boa defesa e um meio-campo forte e de toque de bola. Na frente, ainda conta com o faro de gols de Baixinho, o artilheiro da competição – além dele, Salomão e Pezão também ajudam a balançar as redes.

Família 100 Valor/Jardim Pan-Americano

Campanha: 11 vitórias, 8 empates e 2 derrotas

Time base*: Julio Cesar; Dica, Barroso, Índio e Bia; Leandro , Pocotó, Róbson e Baiano; Didi e Lê.

A Associação Atlética Família 100 Valor, do jardim Panamericano, foi fundada há dez anos, em 18 de abril de 2003. O que mais chama atenção no clube é o uniforme inusitado, com as cores, verde, rosa e branco. O verde e o branco são uma referência ao dólar, a moeda americana – daí o 100 Valor. O rosa foi adotado nesse ano, como referência ao samba da Mangueira, escola do Rio de Janeiro com quem a galera do clube fez parcerias para o desfile de blocos nesse ano. O estilo tem dado sorte.

João Ubiratan, técnico da equipe, conta que o nome surgiu depois de pedir a ajuda dos comerciantes, políticos e autoridades da região e não receber respostas positivas. “Eles não davam valor”, conta. “Todos os amigos fundadores passam ou passaram por algum tipo de dificuldade financeira. Por isso, formou-se um time com desapego pelo dinheiro, um time que expressa bem o nosso lema: ‘Um sentimento que não tem preço’”, completa Rafael Heyn, um dos diretores.

Com esse pensamento, os amigos resolveram, eles mesmos, correr atrás. Montaram o Família 100 Valor. Família para mostrar a união. 100 Valor, em um jogo de palavras, para mostrar que o time, se não tem dinheiro, ainda assim é importante. Esse sentimento se faz presente na torcida que comparece aos jogos, sempre em bom número, acompanhada pela bateria Chapa Quente – a mesma que faz o desfile do bloco 100 Valor.

O mascote do time é um palhaço, desenhado pelo diretor Rafael, que também tem alusão à postura do time em relação ao dinheiro: “Palhaço é uma profissão, mas na verdade está mais para vocação. Vocação para dar alegria, sem retorno financeiro”.  A sede do time é o Palácio da Várzea, que fica na Estrada de Taipas, no Jaraguá, e recebe, semanalmente, grandes shows de samba e pagode, que ajudam a financiar as ações do clube.

Em campo, o time é jovem e não tem muitas conquistas para mostrar. Já chegou à semifinal da Copa Pirituba e subiu da série B da Copa Kaiser no ano passado. Os jogadores, porém, são rodados e 100 Valor tem, sim, chances de ser campeão, graças ao futebol de toque de bola e a força que mostrou em grandes duelos, como nas vitórias sobre Pioneer/Vila Guacuri (3 x 2) e Praça/Pirituba (2 x 0), além de empates com grandes apresentações contra Danúbio/Freguesia do Ó (1 x 1)  e Comercial/Pirituba (0 x 0).

Na semifinal, enfrenta o poderoso Nápoli. As duas equipes já se encontraram nesse ano, no campo do Americano, na Vila Formosa. O jogo terminou empatado em 0 a 0.

Na equipe, jogam quatro pessoas da mesma família. Eduardo “Du”, Edivaldir “Gão” (ou Didi), Edvaldo “Bia” e Evaldo Dicão. O artilheiro da equipe é Klever Leandro, o Lê, com 10 gols marcados.

Leões da Geolândia/Vila Medeiros

Time base*: Thiago; Jorge, Caio, Nilson, Tatu, Capetinha, Reginaldo, Mazinho, Titê, Jorginho e Bruno.

13 vitórias, 5 empates e 3 derrotas

O Leões da Geolândia  nasceu 1º de setembro de 2000. Os amigos Lima, Nilton e Nena estavam numa padaria na Vila Medeiros, na zona Norte de São Paulo, quando tiveram a ideia de formar um time. O nome escolhido foi Leões. “Mas só Leões?”, indagou um deles. Olhando ao redor, procurando uma inspiração, viram o letreiro da padaria: “Padaria Geolândia”, já que estavam Rua Geolândia. Estava batizado…. O próximo passo era definir as cores. E, entre um palmeirense e dois santistas, não teve muita discussão: verde e branco.

Entre os títulos mais importantes, vale citar a Copa Metropolitana de 2005, em que, na final da etapa capital, venceu o AG Madeiras, do Brás, por 1 a 0, e na final regional, o Pânico, de Cajamar, por 3 a 1.

A torcida do Leões é, provavelmente, a menor entre os classificados, mas não pense que o time ficará atrás no apoio. A Zona Norte é tradicional no futebol de várzea e quem simpatiza com clubes da região certamente vão apoiar o time verde.

O time de 2013, comandado pelo técnico Marquinho, tem um detalhe: desde o início do ano, os diretores resolveram usar o número 13 em todas as camisas, para desespero de juízes e narradores. O atacante Capetinha, destaque do time, por exemplo, joga com a 913…

Até agora, a superstição tem dado certo: com uma defesa compacta e muita velocidade nos contra-ataques, é o time que mais vezes balançou as redes no torneio, com 42 gols marcados. O artilheiro da equipe é o baiano Capetinha, com 10 gols. Lateral, Caio Villela também vem aparecendo bem, com seis gols.

O clube tem outro detalhe curioso: Elias e Vagner Love, com passagens pela seleção brasileira, também jogaram no Leões. O primeiro tinha acabado de voltar de uma passagem frustrada pelo Náutico e, com o fim de seu contrato, voltou a jogar na várzea. Foi o primeiro passo da reconstrução de sua carreira, que o levou para Corinthians, Atlético de Madri (que mostrava “Leones da Geolândia” como um dos clubes do volante na ficha técnica de seu site oficial), Sporting e, hoje, Flamengo.

Nápoli/Vila Industrial

Campanha: 14 vitórias, 3 empates e 4 derrotas

Time base: Willians; Xixa, Misael, Lulinha e Amassado; Cecéu, Sarrafo e Rato; Digão, França e Jô.

 O Nápoli Futebol Clube, da Vila Industrial, foi fundado em 1º de Maio de 1979. Inspirado no Napoli, da Itália, usa um distintivo idêntico e as mesmas cores, azul e branco. O time já foi campeão da Copa Kaiser em 2002 (na final, vitória sobre o Riachuelo, do Jardim Brasil, com 1 a 1 no tempo normal e 5 a 4 nos pênaltis) e vice em 2007 (perdendo o título para o Danúbio, também nos pênaltis). No ano passado, o time parou nas quartas de final, ficando em sexto lugar.

Sua torcida é uma das mais organizadas e costuma lotar os jogos. A Nação Azul leva, para todos os duelos, bandeiras, fogos e bateria, além das chamativas camisas quadriculadas, famosas na várzea.  O mascote é a raposa, mas algumas bandeiras e camisas de torcida também usam o personagem Blanka, do game Street Figther (em azul e não o0 verde o original). Sua sede fica na Rua Jose Ferreira Paz, no campo do CDM do Jardim Miami.

Nesse ano, chega com força. O técnico Lombardinho, vice-campeão com o Ajax e com passagem pelo futebol profissional, implantou um sistema de jogo consistente, com muito poder defensivo – não à toa, o time é o dono da melhor defesa da competição. O goleador do time é França, com 10 gols, que foi expulso no último jogo das quartas de final. Tem a segurança dos goleiros William e Fubá (campeão em 2002) e a técnica dos meio-campistas Cecéu, Sarrafo e Rato.

*Os times bases foram as equipes com que os times iniciaram as partidas das quartas de final