Papo de Varzea

Amor que começou na várzea completa 44 anos em São Paulo

UOL Esporte

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Reynaldo Aparecido Prandini nem era tão aparecido assim quando jogava pelo Represa Nova, time de várzea da Zona Sul de São Paulo. “Eu até jogava bem, mas tinham grandes craques naquela época”, contou-me ele, 67 anos, num bate papo que tivemos no seu comércio, um café na região de Interlagos. A época que Reynaldo se refere são as décadas de 1960 e 70, período em que o futebol de várzea mudou a sua vida por conta de uma olhada. Vou explicar.

Dona Dina tinha 15 anos em 1º de maio de 1966, aniversário do Represa Nova. “O bairro votava em quem seriam rainha e princesas do time. Eu ganhei como segunda princesa”, conta ela, hoje com 62 anos e muito vaidosa. Antes da foto (acima), Dina ficou uns 15 minutos ajeitando o impecável cabelo.

Naquele festival, enquanto ela recebia o prêmio do ‘concurso de beleza’ daquele ano, Reynaldo fazia sucesso dentro e fora do campo. “As menininhas davam em cima dele”, revelou dona Dina. Mas nada como um olhar. “Eu estava saindo do campo e ele chegando. Cruzamos, andei mais uns metros e não me segurei. Olhei para trás. Para minha surpresa, ele também estava me olhando”. E aquela mirada virou casamento quatro anos depois. “Casamos no ano do Tri, em 1970”, lembra Seo Reynaldo, há 44 eternos anos ao lado de sua Dina.

Causos do Reynaldo

Entre um café e outro, Seo Reynaldo me contou diversos causos ao longo de suas décadas no terrão. “Uma vez fomos jogar na favela do Caramuru, ali perto do aeroporto de Congonhas (Zona Sul). Era uma rua estreita que só passava um veículo. De repente, vimos um carro de polícia na direção contrária. Paramos e fomos comunicados que acabaram de matar um na região. O medo tomou conta”, lembrou. No jogo, 1 a 0 para o Represa Nova até os 80 minutos do segundo tempo. “Quando eles empataram, acabou e pudemos ir para casa”. Ufa!

Por Diego Viñas, colunista do MetrôNews