Papo de Varzea

Ramires e a prova do quanto é difícil dar certo no futebol profissional

UOL Esporte

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Ser jogador de futebol no Brasil não é nada fácil. O nível do talento por aqui é altíssimo. Em qualquer categoria de base dos clubes você encontra um, dois, três craques. Por isso, fazer a transição da várzea para o profissional é ainda mais complicado. A história de Ramires, um daqueles jogadores varzeanos típicos, é um exemplo.

Em 2012, ele chamou atenção no Ajax, da Vila Rica. Era o comandante do meio-campo campeão da Copa Kaiser. Conseguiu um contrato com o Taboão da Serra e disputou o Paulista da Série B – que equivale à quarta divisão em São Paulo. Voltou a ir bem, mas esbarrou na parede que é o futebol profissional brasileiro.

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Após o campeonato, ele foi chamado para um teste no Grêmio Osasco. Pena que foi justamente na época em que o clube de Vampeta comprou o Audax, aquele que já se chamou Pão de Açúcar. Ao chegar, o elenco do Osasco estava completo e ele só treinou. Mas com a fusão dos dois times, acabou de lado.

Como ele tinha impressionado algumas pessoas no clube, porém, surgiu outra opção: e lá foi Ramires para o Rio de Janeiro, para defender o Audax do Rio. Não deu certo também. Ele ficou treinando por três meses no time, mas, a poucas semanas do início do Estadual do RJ, o clube recebeu uma nova leva de jogadores. Entre eles, atletas famosos, como o lateral Jorginho Paulista e o atacante Washington, ambos ex-Palmeiras.

Acabou dispensado. Hoje está de volta em São Paulo, sem contrato e sem empresário, buscando alternativas. Ramires tem 26 anos. Chegou a jogar nas categorias de base do São Paulo, mas não conseguiu se profissionalizar. Sua primeira oportunidade surgiu aos 25. Não deu certo, mas não desistiu. Tanto que não foi inscrito na Copa Kaiser, o torneio de várzea mais lucrativo do futebol paulistano, que poderia garantir seu sustento até o fim do ano: “Para jogar, eu tinha que reverter (quando um jogador abandona, na Federação, seu status de profissional. Preferi esperar mais um pouco”.

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“Não culpo o Grêmio Osasco ou o Audax. Acho que dei azar, cheguei em uma hora de mudança e ninguém tinha muito como olhar para um cara que veio da várzea, que não tinha nome. No Rio de Janeiro, a mesma coisa. O clube não podia fazer apostas. Ainda sonho em ser profissional. Acho que é possível”.

O Papo de Várzea torce por ele.

Por Bruno Doro