Papo de Varzea

A Copa de verdade terminou neste domingo. Com gente como eu e você

Papo de Várzea

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A Copa do Mundo começa na quinta-feira, em um estádio novinho em folha construído a preço de ouro em Itaquera. Mas essa está fora do alcance da maioria das pessoas. Eu, você, o seu vizinho, vamos acompanhar o Mundial pela TV. Quem for mais sortudo pode até ter conseguido ingresso, vai acompanhar um ou outro jogo por aí.

Mas neste domingo, uma copa muito mais real terminou. Sabe o funcionário da Sabesp que passa todo mês no seu portão para medir o gasto de água? Ou aquele garçom com pinta de jogador de futebol que te serve sempre com um sorriso no rosto? Pois saiba que eles estavam em campo nesta tarde.

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A Copa Kaiser é o principal torneio de futebol amador de São Paulo. Até o ano passado, reunia quase 400 times. Neste ano, diminuiu, teve “só” 192. E as aspas são para reforçar que é um torneio que não tem nada de pequeno. No total, mais de 4500 jogadores entraram em campo. Na Copa do Mundo? Só 736…

A partida que decidiu o título foi disputada às 13h30, sob sol forte – daqueles que os ingleses adorariam reclamar… O estádio escolhido foi o Nicolau Alayon, do Nacional, na Barra Funda. Acanhado, com capacidade divulgada para 12 mil pessoas, mas com público máximo de 8 mil expectadores para a Polícia Militar, recebeu público máximo.

E esses oito mil torcedores viram um espetáculo dos mais dignos. De um lado, o Nove de Julho, um time tradicional da Casa Verde, na zona norte de São Paulo, com mais de 60 anos de história – mas nenhum título do torneio mais importante da cidade. Do outro, o Leões da Geolândia, da Vila Medeiros, atual campeão e que já teve, defendendo suas cores, Vagner Love, ex-Palmeiras e Flamengo, e Elias, que voltou neste ano para o Corinthians.

 

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O jogo não chegou a ser empolgante. O Nove abriu o placar aos 20 minutos do primeiro tempo, com Mosquito (o funcionário da Sabesp) aproveitando uma virada de bola genial de Diego para marcar. O Leões empatou no último lance do jogo, uma confusão dentro da área em que o zagueiro Sullivan acabou derrubado – na cobrança, Reginaldo converteu.

A decisão foi para os pênaltis e a torcida atrás do gol derrubou o alambrado, invadiu o campo e fez a festa com a vitória do Nove de Julho. Quem venceu, também, foi o futebol, que viu 30 atletas jogando por amor à camisa e oito mil fanáticos na arquibancada. Uma pena que a Fifa não viu. Por que esse é o verdadeiro amor do brasileiro ao futebol.

Por Bruno Doro

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