Rivalidade azul e vermelho de Nápoli e Noroeste acaba em 0 a 0
UOL Esporte
No domingo, a Etapa 5 da Copa Kaiser começou com 10 jogos e 14 gols. No Grupo L-47, o grande clássico entre Nápoli, da Vila Industrial, e Noroeste, da Vila Formosa, terminou em um controverso 0 a 0.
O jogo envolvia rivalidade de cores que, muitas vezes, extrapolam o campo. Quando pensamos em azul e vermelho, lembramos disputas históricas, como o Ba-Vi baiano, o Gre-Nal gaúcho, o United x City de Manchester… E essa disputa não fica restrita ao esporte: PT x PSDB na política brasileira, EUA x URSS na política global (e que acabou com o fim da guerra fria), Sega x Nintendo nos vídeo-games e Marvel x DC nos quadrinhos. Enfim, vamos voltar ao futebol…
No estádio Nicolau Alayon, o que se viu foi respeito demais entre as equipes. Ninguém queria perder – principalmente o Nápoli, que faz ótima campanha e, no ano passado, perdeu para o Noroeste por 1 a 0.
No banco, dois técnicos de estilos bem diferentes. Roberto, do Noroeste, é só emoção. Grita, leva a mão à cabeça, puxa os cabelos, gesticula. No Nápoli, Lombardinho faz o tipo mais racional e levanta poucas vezes do banco para orientar os seus comandados.
A rivalidade ficou mais com a torcida, que compareceu em grande número. A Nação Azul, do Nápoli, importunava a do Norusca (entre elas, o Bonde Loko), lembrando que o time nunca foi campeão da competição. A torcida do Noroeste respondia batucando alto, abafando a bateria dos rivais. Apesar da provação, o clima foi de festa. O jogo não foi ruim, mas também não arrancou suspiros.
Logo na saída, percebia-se que dois times diferenciados estavam em campo. Aos cinco minutos, o Nápoli atacou bem. Sarrafo pegou a sobra na ponta da grande área e chutou. A bola beliscou o travessão e saiu. Aos poucos, a rapaziada foi mostrando as ferramentas. O jogo começou a ficar mais pegado, como pede um bom clássico.
O Nápoli começou impondo seu apurado toque de bola. Tentava mais pelas pontas, alçando bolas na área para o atacante tentar o cabeceio. O homem de referência, no caso, era o goleador França, que se movimentava bastante. Por outro lado, o Noroeste demonstrou uma defesa sólida e experiente, com Memeco, Bimba e G-Cinco (que, ironicamente, vestiu a camiseta número 4).
No primeiro tempo, outro destaque foi o meia Fabinho, do Noroeste, que queria jogo e importunou a zaga adversária com dribles desconcertantes. Mas, chutes perigosos mesmo, foram poucos. Aos 22, Rato recebeu na meia lua e tentou duas vezes. Numa delas, a bola bateu em Memeco e voltou. Na volta, Rato chutou forte, por cima. Em outro lance, aos 32 minutos, França recebeu um lançamento em profundidade, acreditou até o final e conseguiu evitar a saída de bola. Mesmo sem ângulo, ele arriscou, mas o goleiro Gambelli intercedeu e tirou.
No segundo tempo, as equipes conservaram a mesma postura. O jogo já tinha cara de empate. O respeito entre os jogadores se deu, também, por que muitos se conhecem dos campeonatos amadores, atuando por outras agremiações.
O duelo teve de pegar no tranco e a emoção foi crescendo. Aos três minutos, a melhor chance do jogo apareceu, para o Nápoli. Sarrafo recebeu toque rasteiro e chutou de leve por cima, na saída do goleiro. Quando a bola ia entrando, apareceu Nenê para tirar e salvar o Noroeste. Aos oito minutos, de novo, o time da Vila Industrial atacou. Após cruzamento de Neno, em diagonal, França se esticou todo, mas tocou para fora.
Apesar de alguns momentos com entradas mais duras, o árbitro da partida, Leandro Carvalho, fez seu trabalho tranquilo. Isso se refletiu no baixo número de cartões amarelos, três no total. Ele também evitou polêmica ao ignorar uma simulação de pênalti do experiente França, do Nápoli, mandando seguir o lance.
O Norusca falhava ao tentar a ligação direta da defesa ao ataque. Isso facilitava para o meio de campo rival, que ganhava a maioria das jogadas. As derradeiras chances de gols foram do Nápoli. Neno, novamente, cruzou e Digão dominou de coxa, já dentro da grande área, e finalizou com uma puxeta. Como estava desequilibrado, a bola passou ao lado da trave, com perigo.
Para fechar, uma falta aos 30 minutos assustou. G-Cinco derrubou França na entrada da área e Sarrafo bateu. O goleiro Gambelli, de punhos fechados, tirou o perigo.
O Napoli jogou melhor, mas não conseguiu marcar. Já o Norusca precisa melhorar se quiser ir mais longe, já que apresentou, pelo menos nesse jogo, um futebol muito burocrático. Também pelo Grupo L-47, o Coroado, de Guaianases, venceu o São Carlos por 1 a 0 e lidera a chave com três pontos.
O texto foi feito pelo parceiro do Papo de Várzea Marcelo Costa. Jornalista e funcionário público, ele está sempre atrás da melhor história nos campos da cidade. Escreve, também, para o Jornal É Nosso.
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