O dia em que um time de várzea levantou a taça no Morumbi
Papo de Várzea
Em 2012, a Copa Kaiser marcou história com uma finalíssima no tradicional estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. Na ocasião, o Ajax da Vila Rica, zona leste, conquistou o título sobre o Turma do Baffô do Jardim Clímax, da zona sul.
No entanto, outro time da várzea teve a honra de conquistar um título num verdadeiro representante de palcos de futebol. Era 3 de dezembro de 1968, há 45 anos, quando o Arco Futebol Clube, do Jardim Consórcio, entrou no estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, para se consagrar campeão do Torneio Grande São Paulo Delfin SEME Pop.
Do outro lado, a forte equipe do Vila Carioca. Para o atual presidente do Arco, Júlio Carlos (ou simplesmente Julião), a final foi uma das mais importantes da história do time – e das mais difíceis. “Mantivemos nossa base no elenco, mas o Vila Carioca havia trazido jogadores de fora, ex-profissionais, para atuar”, contou.
Julião estava na arquibancada do Morumbi naquela ocasião e viu time da zona sul de São Paulo entrar com Birunga no gol, Serginho, Chico, Gê e Pelé na defesa, Paio, Wilson, Lula e Joel no meio-campo, e Zeca e Carlinhos no ataque.
O Vila Carioca entrou de salto alto naquele jogo. Além disso, outro fator dificultou a vida do Arco naquele jogo. “Fazíamos as preliminares de São Paulo e Marília e a torcida tricolor já tomava as arquibancadas. Quando viram que nosso uniforme azul era das cores do Marília, toda a torcida passou a torcer contra”, lembra Julião.
Mas Lula fez o primeiro gol ainda na etapa inicial abrindo o placar daquela que seria a final mais importante para o bairro Jardim Consórcio. Mesmo com jogo pegado e difícil, o mesmo Lula marcou mais um no segundo tempo. O 2 a 0 garantiu o resultado para o título da competição pelo Arco.
Ao fim, o Arco venceu o então troféu “Popular da Tarde”, nome do jornal da época que cobriu a competição. Além de um lindo troféu, o Arco ganhou a quantia de 20 mil cruzeiros. Com o passar do tempo, infelizmente o troféu foi perdido e nunca mais recuperado. Mas valem as lembranças e prestígio que ficaram dessa grande conquista: poder ser campeão de várzea dentro do Morumbi.
Por Diego Viñas