Papo de Varzea

O fim da Copa Kaiser: porque a cerveja saiu de campo

UOL Esporte

motivosdofim

A Copa Kaiser terminou. Ou melhor. Terminará no ano que vem. E pode anotar. Aos domingos, os varzeanos vão continuar dizendo que vão jogar a Kaiser, mesmo que o nome do campeonato seja outro. Em 1999, quando o patrocinador era a Antártica, foi assim, porque iria mudar agora? Em 20 anos, foram 17 edições.

A coisa pegou. Uma tradição foi criada. E é justamente aí que mora o grande vilão do torneio. Como se aprende nas aulas de marketing, todo patrocínio tem prazo de validade. Depois de um tempo, a marca fica invisível para o torcedor, justamente o cara que deveria ser afetado por ela. O logo nas camisas não diz mais nada.

Com a Copa Kaiser, foi assim. Entre os times, reclamações comuns viraram um problema para o patrocinador. Vai jogar longe de sua torcida? A culpa é da Kaiser. O campo é ruim? Culpa da Kaiser. Não conseguiu inscrever um jogador para a fase seguinte? Culpa da Kaiser. O jogador foi expulso? Culpa da Kaiser. A maioria dos jogadores e cartolas consegue, conscientemente, diferenciar a organização do campeonato da cerveja.

Mas as críticas constantes acabam entrando na cabeça do torcedor comum. E quando esse cara vai até o bar do campo, em dia de jogo, para tomar uma cerveja, invariavelmente repetia o discurso. Só tem cervejas da Heineken? É culpa da Kaiser. Aceitar uma marca diferente da que você bebe normalmente para prestigiar a empresa que está bancando a diversão do fim de semana? Nem pensar…

Em tempo: a Copa Kaiser não é um campeonato dos sonhos. A organização poderia ser mais clara em suas decisões e, principalmente, poderia se comunicar mais com os torcedores que fazem a festa. Esses problemas, porém, são comuns ao Campeonato Paulista, ao Brasileirão, à Libertadores… A maioria desses campeonatos profissionais tem patrocinadores e vendem naming rights (o direito de associar sua marca ao nome do torneio). Mas você já ouviu o torcedor comum comemorar que o time se classificou para a Bridgestone Libertadores?

No fim das contas, é uma decisão empresarial. Coloque-se no lugar da Heineken, a dona da marca Kaiser. Pense nas críticas. Você continuaria a patrocinar o campeonato?