Na várzea, Jardel libera mulher na concentração: É só não mexer com a minha
UOL Esporte
O Jardel artilheiro, aquele que subia mais altos que os zagueiros e cabeceava como poucos ficou no passado. A idade chegou, a barriga cresceu. Mas ele segue sendo estrela sempre que resolve entrar em campo. É assim no Vila Nova de Ibirubirá, time amador que, desde o mês passado, conta com o ex-centroavante do Grêmio como maior atração.
O time é organizado. Faz dois treinos semanais e tem concentração um dia antes do jogo. Mas nem por isso escapa das brincadeiras do atacante. Jardel, que escapou dos treinos, não consegue resistir: ''A concentração é no bar da esquina'', diz, gargalhando.
Depois, ainda tenta dar um tom mais sério à conversa. Inevitavelmente, falha na missão: ''Ibirubá fica a três horas e meia de Porto Alegre. Então, quando vou para lá, fico em hotel, que o time paga. É concentração mesmo, mas pode levar a mulher. É liberado. É só não mexer com a minha que está tudo certo'', completa, brincando.
Aos 40 anos, o futebol profissional ficou para trás. A ideia, agora, é virar treinador. Ele fez um estágio outro ex-atacante, Fernandão, que comandou o Internacional, e já recebeu propostas de alguns clubes. Incluindo o Grêmio.
''Essa é a ideia: futuramente, trabalhar no Grêmio, primeiro nas categorias de base, depois no profissional. Acho que seria legal ensinar os centroavantes a cabecear. Fui eleito duas vezes o melhor cabeceador pela Fifa. Nada melhor do que usar esse potencial para ensinar'', diz.
Isso, porém, deve esperar um pouco. Segundo ele, em dezembro viaja para a Turquia, para conhecer o projeto de um time da primeira divisão que estaria interessado. Até lá, segue trabalhando como garoto-propaganda do Grêmio e indicando atletas. Alguns deles da várzea.
''O futebol amador ainda é um celeiro. O Leandro Damião está aí para lembrar todo mundo disso. É preciso ter bom olho e saber escolher. Além disso, o garoto precisa de oportunidade. É possível tirar um jogador da várzea encaixar no profissional. Mas você precisa ter coragem. Eu levaria alguns jogadores que encontrei por aqui (no Vila Nova). Faria uns amistosos antes, mas acho que é possível'', afirma com convicção.
Mas e o preparo físico? E a falta de base? ''É lógico que você precisa testar. Ver se o cara tem qualidade, também, no meio dos profissionais. Mas é preconceito. Todo mundo fala que fulano não teve base, que não vai dar certo por causa disso, mas não é o caso. Às vezes, o jogador se encaixa. Dá liga'', continua.
O próprio Jardel é prova disso. Enquanto seu time amador treina duas vezes por semana, Jardel só apareceu para jogar. Sua estreia foi no domingo passado: vitória por 3 a 2 sobre o Bangu, considerado o melhor time do Amador de Ibirubá.
''Eu não treino. Tenho um personal trainer em Porto Alegre, que é responsável pelo meu preparo físico. E viajo no fim de semana do jogo. Mas no primeiro jogo eu fui bem. Não marquei, mas dei duas assistências''.
Quem deve ter ficado satisfeito com a atuação foi o técnico do Vila Nova. Infelizmente, os leitores ficarão sem saber o seu nome, já que Jardel, aparentemente, esqueceu de perguntar… ''Poxa vida, não sei o nome dele'', lamentou, sincero.
Não tem problema. No próximo domingo, tem jogo de novo em Ibirubá. E um verdadeiro encontro de gigantes: Jardel vai encarar o time de Sandro Sotilli, atacante gaúcho campeão estadual pelo Juventude.
Por Vanderlei Lima, do UOL