À sombra do Itaquerão, campos na Cohab aguardam lembrança do poder público
Papo de Várzea
O Itaquerão é a face bonita do bairro. O estádio moderno já atrai investimentos ao bairro onde está localizado e fez o mercado imobiliário disparar. Mas, à sombra dos guindastes, dois campos bem mais modestos ainda aguardam pelo momento em que serão lembrados pelo poder público.
Os dois terrões estão incrustado entre prédios da Cohab, conjuntos habitacionais que nasceram nos anos 80 para urbanizar a região. E são motivo de orgulho para quem mora por lá. É só perguntar nas ruas. “Onde fica o campo do Negritude?” O rosto do morador logo se abre em um sorriso, para a resposta sincera: “É lá embaixo, perto da Igreja”.
A infraestrutura, porém, poderia ser melhor. Enquanto outros campos da região, com uso muito mais modesto, já ganharam grama sintética, novos vestiários, alambrados e até iluminação, os dois campos da Cohab sofrem. A cada chuva o terrão vira lama e quem joga tem de driblar não só o rival, mas o barro.
Foi assim neste domingo. Com um duelo decisivo pela Copa Ives Ota, Jardim Verônia, de Ermelino Matyarazzo, e Coroado, de Guaianases, encontraram o campo em condições difíceis. O jogo terminou 1 a 1, com direito a escorregões, trombadas e divididas bruscas, que resultaram em brigas e expulsões. Bom para o Coroado, que se classificou. Ruim para o público, que viu um jogo de muito mais vontade do que qualidade.
Mas também um resultado na demora do poder público em cumprir as promessas. Quando as obras do Itaquerão começaram, engenheiros da Odebrecht foram até lá, mediram o campo. Segundo as pessoas que cuidam do espaço, as reformas no equipamento público estão previstas nas contrapartidas da construtora para a construção do estádio.
O Papo de Várzea não procurou a Odebrecht para confirmar a informação. Mas sabe que muita gente, vereadores, inclusive, já prometeu melhorar o espaço. Esperamos que a reforma aconteça logo. Até lá, os 15 times da região que usam os campos seguem aguardando. E usando os dois terrões da melhor forma.
A Copa Negritude, criada em 1999, é uma das mais tradicionais da cidade. A Copa Ives Ota, que está sendo realizada atualmente, também está agradando. E sempre é bom lembrar: são em terrões como o dos campos da Cohab em que os futuros craques dão seus primeiros chutes. Já passaram por lá nomes como o goleiro Ronaldo (ex-Corinthians), o atacante Dodô (ex-São Paulo), o lateral Kléber (hoje no Inter)…
Por Bruno Doro