Papo de Varzea

Torcida briga, motorista do busão foge e varzeanos andam 30km. Será?

Papo de Várzea

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Final de campeonato no futebol de várzea é mais ou menos assim: dois times fortes que se preparam para um verdadeiro duelo dentro de campo, mas fora das quatro linhas, são dois bairros que querem fazer mais bonito na festa. O resultado disso costuma ser um jogo pegado, de clima quente para todos os lados.

Foi assim numa épica decisão em 1990, da Copa Seme, famosa competição municipal organizada em São Paulo e realizada nada menos do que no estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. De um lado, veio o pessoal do Drogalume, time de Guarulhos. Do outro, o Jardim Verônia, time de Ermelino Matarazzo, zona leste – que, aliás, completa 51 anos de futebol de várzea neste dia 26 de novembro.

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Um dos diretores do Jardim Verônia é o projetista Ronaldo Costa, de 33 anos. Ele esteve nessa partida. “Lembro como se fosse ontem. Fomos em cinco ônibus, atravessamos a cidade para essa final”, conta.

Durante a partida, o clima esquentava cada vez mais. “O Verônia estava perdendo e a torcida dos caras começou a zoar. A nossa bateria foi pra cima da torcida dos caras, jogando os surdos, as caixas, enfim… o pau comeu!”.

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Não bastasse a derrota em campo, a perda de título e o descontrole da torcida, o pessoal do Verônia ainda teve de ver os motoristas dos cinco ônibus fugirem. O motivo? Medo da confusão… Foram embora com os ônibus, para o desespero dos jogadores, diretores e torcedores. E agora? Como voltar do Pacaembu até Ermelino Matarazzo, ao longo de cerca de 30 quilômetros, para chegar em casa?

“Nosso presidente enquadrou uma carreta e um ônibus na Marginal do Tietê e fez os motoristas levarem muita gente de volta”, garantiu Ronaldo. Mesmo assim, lembra o diretor, muita gente se virou como conseguiu. Alguns pegaram taxis e não pagaram. E ainda há quem diga que teve gente que voltou a pé. Será?

Por Diego Viñas

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