60 jogos simultâneos, 1000 partidas por ano. E sem tapetão
Papo de Várzea
Na última rodada do Campeonato Brasileiro, a Portuguesa colocou o meia Heverton em campo. Como estava suspenso, o time paulista corre o risco de ser rebaixado por ter usado o jogador. Quem acompanhou a polêmica durante a semana certamente escutou muita gente falando que isso tudo é digno da várzea. Muito pelo contrário…
Saiba que na várzea esse controle é feito de uma maneira simples e eficaz. Olhe a Copa Kaiser, por exemplo. Nas primeiras etapas, a cada fim de semana são realizados 100 jogos. Segundo a organização, nunca o tapetão teve de ser usado para tirar pontos por uso de jogador irregular. E olha que são quase 400 times envolvidos e mais de 1000 partidas disputadas a cada temporada. Como isso é possível? Ao contrário do futebol profissional, as pessoas parecem se importar com o fato.
Pode parecer uma afirmação dura, mas não é. No torneio de várzea, todos os mesários chegam para suas partidas com uma lista de jogadores com condição de jogo. Quem está suspenso aparece em vermelho e não joga. Simples, não?
Mas e os julgamentos, você pode perguntar. Bom, a comissão disciplinar se reúne todas as segundas-feiras, analisa as quase 100 súmulas do fim de semana e faz as deliberações necessárias. Ao fim do processo, um e-mail é mandado para todos os times envolvidos em algum tipo de decisão. Mesmo quem não recebe essa comunicação não pode dizer que não foi informado, já que uma hora depois do fim das análises, os resultados são publicados no site oficial.
Nenhuma dessas ações é complicada ou exige muito esforço. Mas é preciso ter vontade de divulgar o que se é decidido. Olhe o caso da Portuguesa: o julgamento foi em uma sexta-feira e a decisão só chegou às mãos do clube (vamos, aqui, excluir a figura do advogado) no fim da tarde de segunda. Muito tempo, não?
Quem lucra com essa demora na divulgação dos resultados? Ninguém! E qual o motivo para que isso continue assim? Eu, sinceramente, não sei responder. Parece que a organização do campeonato e o próprio tribunal não se incomodam com as armadilhas que são criadas a cada julgamento. Eles parecem satisfeitos em colocar obstáculos para as equipes, não ajudar quem está participando.
Por Bruno Doro