Varzeano quase foi para o Goiás. Patrão não deixou
Papo de Várzea
Estive neste domingo no 41º Encontro Preto x Branco, na Vila Arapuá, na zona sul de São Paulo. Com aquela nata da boleiragem reunida, foi difícil contar um história só, mas escolhi dividir a de Gemel, um senhor com mais de sete décadas de vida. Ele chegou de mansinho, trouxe um quadro enorme, com uma foto de um time pousado e começou a explicar. ''Essa é uma forte seleção da várzea antiga. Eu sou aquele em pé, o segundo da esquerda para direita''.
Na foto, Gemel tinha 44 anos. ''Foi meu último jogo na várzea. Foi no campo do Copa Rio''. Hoje história, era um terrão de Heliópolis. Bem antes disso, porém, Gemel quase conseguiu ser profissional. ''Eu era um bom central. Era forte, porque fiz luta livre, e os atacantes me respeitavam muito. Com 22 anos, tive a chance de ir para o Goiás''.
Um amigo, o Ditinho, que jogava no time do Centro-Oeste, levou o presidente goiano à casa de Gemel para a proposta. ''Pedi para meu patrão me dar férias do meu trabalho. Eram férias vencidas, mas ele não me deu”. Gemel não podia pedir as contas. ''Eu tinha duas filhas já e não podia arriscar. Então, acabei ficando no trabalho mesmo'', lamenta.
O Goiás, porém, ficou marcado. “Sempre fui mecânico de manutenção e jogador. Acabei perdendo o sonho de jogar no profissional. Fiquei muito triste. Até hoje torço pelo Goiás. Sou palmeirense, mas sempre torci pelo Goiás depois daquilo''.
Escalando o time dos sonhos
Gemel contou a história dos jogadores da foto ai em cima. Alguns atuavam pelo profissional do Guarani (de Campinas) e outros se destacaram no Flor de São João Clímaco, no Floresta e na Portuguesa do Sacomã, como o nosso personagem. Da esquerda para a direita temos, em pé, Jura, Gemel (aos 44 anos, que se diz fã do futebol de Luis Pereira, ex-zagueiro do Palmeiras), Fábio, Beto e Lelo (volante dos bons); agachados estão Zé Lauro (figura épica de São João Clímaco), Dengo, Bigola, Oscarzinho (atacante craque) e Loiro.