Papo de Varzea

“Nunca ganhei nem perdi de 7 a 1. Na várzea, os times eram bons”

Papo de Várzea

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A Copa do Mundo acabou, mas a zoeira é sem limites. Sábado, dia em que o Brasil faria o jogo contra a Holanda, ainda não sabíamos que sofreríamos outra goleada (e nem que a Alemanha seria a campeã). Eu estava no campo do Anhanguera da Barra Funda, ali na Rua dos Italianos, onde conheci o seo Sidney Carlos, o Nariz, de 66 anos, aposentado que há quase 40 anos faz parte da história do time de várzea fundado em 1928. Ele contou que nunca perdeu de 7 a 1 na várzea.

''Eu era volante e aqui no Anhanguera. Nunca vi esse resultado. Nunca ganhei e nem perdi de 7 a 1. Na várzea, eram jogos muito duros, disputados. Os times eram muito bons'', fala.

A maior vitória de que lembra até contou com sete gols, mas longe do vexame brasileiro. ''Minha maior vitória foi de 5 a 2, contra o Moocafogo, da Mooca. Inclusive, eu fiz um gol de bicicleta'', diz. ''A maior derrota nossa nem foi uma goleada, Mas estávamos há 99 partidas invictos e o Sulamericano do Bom Retiro venceu por 2 a 1, acabando com a chance de 100 jogos de invencibilidade''.

Morador da Casa Verde, Zona Norte, ele também jogou pelo time Diamante Negro. ''No meu time tinha Serginho Chulapa, Mauro e Lucas, que saíram da várzea e foram jogar pelo São Paulo. Serginho, na época, chamava Esquerdinha. O futebol precisa mais de varzeanos''.

''Tem que investir na base''

Nariz hoje treina as categorias de base do Anhanguera da Barra Funda, uma garotada de 14 a 17 anos. ''A base é o futuro e temos que investir. Temos um garoto de 17 anos que já é artilheiro do Palmeiras na sua categoria'', conta.

Hoje treinador, Nariz teve a honra de fazer curso com Telê Santana, Rubens Minelli e Carlos Alberto Silva. ''Tive aulas com esses verdadeiros estrategistas. Hoje, vejo que é um momento de recomeçarmos do zero, senão vamos ficar muito tempo sem ganhar nada. E temos que abrir as portas para os times da várzea''.

Por Diego Viñas, do Varzeapédia