Brasil 10 x 0 Alemanha. Só essa goleada já valeu pelo Mundial de amputados
Papo de Várzea
A seleção brasileira de futebol para amputados não vai jogar pelo título no Mundial de Culiacán, no México. Na sexta-feira, a equipe perdeu por 4 a 0 para a Rússia, nas quartas de final. É uma tristeza para o time que buscava o pentacampeonato, mas a performance é de dar orgulho.
Primeiro, vamos ao melhor jogo da seleção: contra a Alemanha, pelas oitavas de final, o Brasil venceu por 10 a 0. “Não conhecíamos a Alemanha. Eles estão em sua primeira participação no Mundial. Então, entramos muito concentrados, focados na defesa. Deu certo. Abrimos 2 a 0 nos primeiros minutos e depois apostamos no toque de bola”, comemorou o artilheiro Rogério Almeida, o R9.
Foi a segunda vez que, em um Mundial para atletas paraolímpicos, os brasileiros deram um jeito de vingar os 7 a 1 da Alemanha na semifinal da Copa do Mundo. No Mundial para cegos, disputado no Japão, a equipe verde-amarela, comendada por Ricardinho, venceu por 4 a 0 nas quartas de final. O Brasil venceu o torneio, conquistando o tetra mundial.
Antes disso, a seleção de amputados já tinha mostrado força. Na primeira fase, venceu Irlanda e Ucrânia por 2 a 0, antes de perder para o Uzbequistão por 3 a 0. “Nós tivemos jogos muito difíceis. Na derrota para o Uzbequistão, que é o atual campeão mundial, nós erramos muito. Tomamos dois gols de saída de bola”, explicou Rogério.
Agora, o Brasil vai buscar o quinto lugar, no torneio de consolação. O primeiro rival é o Haiti. Terminando em quinto ou oitavo, os jogadores já podem voltar ao país como vencedores. A simples viagem para o México foi uma grande vitória: no meio do ano, a confederação perdeu o patrocínio que os levaram ao último mundial e anunciou que não tinha dinheiro para bancar a participação no torneio mexicano.
Os atletas, então, foram atrás de apoio. O maior deles veio de uma empresa que doou passagens de maneira anônima. Além disso, o material esportivo veio da Deka Sports e a APTO Esportes deu suporte à seleção.
Sobre o futebol de amputados
O futebol de amputados foi criado em 1987, nos EUA. Em menos de 30 anos, tem campeonatos em todos os continentes e 25 países têm seleções disputando torneios. Os pré-requisitos para virar um esporte olímpico já foram atingidos. Resta, apenas, esperar o reconhecimento dos órgãos competentes – para o Rio-2016, por exemplo, futebol só deve ser disputado entre cegos.
No Brasil, a modalidade surgiu dois anos depois. Ainda não é muito popular, são apenas 15 times disputando o Campeonato Brasileiro. Mesmo assim, o time tem grandes resultados. Além dos quatro títulos mundiais, a seleção também é bicampeã da Copa América.
Além dos resultados, a seleção brasileira de amputados tem também muitas histórias para contar. Um dos jogadores mais atuantes, Rogerinho tem histórias muito engraçadas sobre como ele lida com a sua mobilidade reduzida – ele nasceu com uma má formação congênita e não tem a perna esquerda. Você pode ler um pouco sobre Rogerinho e William, que acabou fora da lista final do Mundial, aqui: Atleta da seleção tetracampeã de futebol só lembra que é amputado no ônibus.
Por Bruno Doro