Fotógrafo inglês mostra alma do futebol brasileiro longe dos grandes eventos
UOL Esporte
O Brasil está em clima de Copa das Confederações. Então, quando você ouve que um fotógrafo estrangeiro está por aqui por causa do futebol, logo pensa que ele está atrás das grandes estrelas, certo? Se você está falando do inglês Christopher Pillitz, não…
Há 16 anos fazendo fotografias que refletem a alma do futebol brasileiro, o fotógrafo baseia seus trabalhos nos grandes eventos. Mas nunca comparece a eles. Em 1997, em sua primeira vez retratando o assunto, por exemplo, ele saiu em busca de imagens de brasileiros batendo bola para a elaboração de um livro que seria lançado no ano seguinte, por causa da Copa da França.
Nessa primeira leva de fotografias, suas principais imagens envolviam as gigantescas plataformas de petróleo da bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Nelas, trabalhadores, alocados meses a fio em alto mar jogavam bolas em quadras cercadas, com água por todos os lados. Nessa época, também, foi a mosteiros e viu religiosos jogando futebol de batina.
“Fotografo há mais de 25 anos no Brasil. E uma coisa que nunca me deixa de surpreender, e que ainda me surpreende, é como os brasileiros manifestam suas vidas, seus comportamentos, pelo carnaval, pela musica e pelo futebol. Esse é o ponto chave [do amor brasileiro ao futebol]”, explica Pillitz.
Desde então, futebol virou tema recorrente de seu trabalho. “Venho ampliando os aspectos do projeto para realmente mostrar porque o futebol do Brasil é tão diferente e tão especial em relação ao futebol de outros países”.
Para isso, ele fez o que muitos estrangeiros fazem: foi ao Rio de Janeiro e subiu os morros cariocas. Nas favelas, percebeu como a comunidade pode girar em torno do futebol. “Depois disso, incorporei também o lado da arte do futebol. Os grafites que você vê nos muros de São Paulo e do Rio. E os grandes craques, os grandes ícones, do presente e do passado. Também as tatuagens, que são uma obsessão de uma parcela significativa dos brasileiros”, fala o fotógrafo.
Durante a Copa das Confederações, ele foi apresentado a outro aspecto do futebol brasileiro: a várzea paulista, com suas torcidas enlouquecidas, organização semi-profissional e o sempre presente terrão. Foi ao duelo entre Comercial e Saloá, dois times de Pirituba, bairro da zona oeste que respira o futebol. O jogo (Quer saber como foi o jogo? Assista ao vídeo que fecha o post) terminou com vitória do Comercial, time que Pillitz acompanhou desde o início da manhã, na saída da sede, até o fim do dia.
“Eu não conhecia a várzea. Não sabia que era tão popular. Que tinha torcedores tão apaixonados. É realmente surpreendente. Na Inglaterra, por exemplo, não temos nada similar”, analisa o fotógrafo. “No Rio de Janeiro, as pessoas se juntam nos campinhos da própria comunidade. Na várzea de São Paulo, a comunidade se junta e sai para jogar futebol”, compara.