Varzeanos indicam retranca, reza e até W.O. para Taiti evitar vexame contra Espanha
UOL Esporte
O Taiti virou o time da moda da Copa das Confederações. Entre os inscritos, só um é atleta profissional. Os outros tem outras profissões, são professores, entregadores. Tem até um vendedor de celular. Lembra de alguma coisa? Isso mesmo, o time da Oceania é o representante da várzea no torneio da Fifa!
Mas não se engane: os varzeanos brasileiros garantem que jogam muito mais… Mesmo assim, o Papo de Várzea resolveu perguntar para alguns deles: qual a receita para o Taiti enfrentar a poderosa Espanha, atual campeã mundial e Europeia? A resposta é simples. Primeiro você arma a retranca. Depois, reza por contra-ataque. Se nada der certo, aproveite para contar para seus filhos que, um dia, você esteve em campo ao lado de Iniesta, Xavi, Fábregas… Confira algumas dicas:
Deixe o jogo feio. E torça muito
O primeiro ouvido foi o baiano Uochiton Baraúna (esse conversando com Mano Menezes), atacante do Jardim São Carlos. Aos 30 anos, ele defendeu vários times de várzea de São Paulo, sempre marcando muitos gols. Em 2010, foi o artilheiro da Copa Kaiser, o principal torneio de futebol amador da cidade – em 2012, conquistou o título pela primeira vez. Para ele, a receita é abrir mão de atacar.
“É uma seleção fraca. Os jogadores são limitados. Eles até se posicionam bem, mas vão pegar a Espanha. Vão tomar um vareio e não vão ver a cor da bola. A Espanha valoriza muito a posse. Tem que entrar todo fechado e torcer para não levar gol”, diz o artilheiro. “Se o seu time é ruim. E ainda por cima vai jogar contra uma equipe muito melhor, você tem de se fechar. Fica na retranca mesmo. E o jogo vai ser feio. Quando abrir uma brecha, você pode tentar um contra-ataque. Mas é quase impossível”, completa.
Corrida entre um Audi e um Uno Mille
Kico Nogueira, técnico do Classe A, da Barra Funda, faz uma comparação interessante: “A diferença entre os times é muito grande.Vamos visualizar a seguinte situação, para resumir: é uma corrida entre um Audi R8 e um Uno Mille. A única chance seria o Audi quebrar. A única chance do Taiti é ver a Espanha ter dois expulsos e dois outros jogadores se machucarem. E não ter mais substituição”, fala. “Quando não existe qualidade técnica, não existe esquema tático que funcione para defender ou atacar”.
Só se colocar as traves fora do estádio
Sérgio Ricardo, presidente do Pioneer, da Vila Guacuri, lembra que o grande problema do Taiti não é técnico, mas físico: afinal, contra a Espanha, os taitianos devem correr ainda mais atrás do bola do que na estreia contra a Nigéria – que terminou em 6 a 1 para os africanos.
“Olha, contra a Espanha, só se colocarem as traves para fora do estádio… Mas falando sério, no Taiti, os caras não tem preparo físico. Sempre que pegarem um time bem preparado, vão sofrer. Alguns times da Copa Kaiser ganhariam deles com facilidade, até. Olhe o jogo contra a Nigéria. O goleiro falhou algumas vezes. Em outros gols, foi a defesa que errou. Na maioria das vezes, cometeram falhas de time amador”, analisa o cartola. “Mas não acho que a Espanha vai massacrar como estão falando. Não sei se chega a seis gols”.
Contra goleada, só se derem W.O.
Outra linha de pensamento é mais polêmica. Para Carlão Carbone, que vai aos campos de várzea todos os finais de semana para registrar, em vídeo, o clima do alambrado, até se jogasse no terrão o time corria risco de sofrer um placar elástico. “Tem muito time de várzea que, se enfrentar esse Taiti, mete cinco gols só no primeiro tempo. No terrão, então, mesmo com 35 minutos por 35 [tempo de jogo do torneio amador mais importante da cidade], se não sair dez é marmelada… Na minha opinião, a única tática do Taiti para enfrentar a Espanha é rezar. E rezar muito”, fala, bem humorado.
Yuri Igor, do Tiradentes, da Vila Curuçá, a saída é nem mesmo entrar em campo. “Pra vergonha ser menor, só se eles não entrarem em campo. Assim, dá W.O. e eles perdem só de 3 a 0… Mas espero que eles façam o impossível e consigam, ao menos, marcar um gol na Espanha. É retranca e muita sorte para encaixar um contra-ataque”.
Só o Pitbull salva o Taiti
A melhor análise, porém, veio da Casa Verde: segundo o atacante Fernando Pitbull, do Nove de Julho, ele é a solução para o Taiti nesta quinta: “Você pode até montar um time defensivo e só jogar no contra-ataque. Mas tem de lembrar uma coisa: a Espanha marca muito forte na saída de bola. E, infelizmente, o Taiti não tem jogadores com qualidade para fazer essa ligação até ataque. E o problema maior é imaginar jogar contra quem você só vê no vídeo game ou na TV. É muito difícil jogar sem idolatrar. Foi o que aconteceu com o Santos contra o Barcelona. Só o Pitbull para salvá-los”.