Papo de Varzea

Arquivo : setembro 2013

Fragmentos da Várzea: Conheça o Família 100 Valor
Comentários Comente

UOL Esporte

 

O Família 100 Valor, do Jardim Panamericano, é uma das surpresas da Copa Kaiser em 2013. Vindo da Série B, o time pegou a Zona Oeste do torneio de assalto e chegou às oitavas de final – e deve avançar para as quartas. No vídeo, um torcedor conta um pouco sobre o clube – incluindo o convite para o samba, que rola na sede a partir de 18h, todos os dias.


Hoje na várzea, jogador deixou o Anzhi, da Rússia, após ser chamado de macaco
Comentários Comente

UOL Esporte

Aos 35 anos, Róbson é conhecido na várzea de São Paulo. Meia-atacante rápido e habilidoso, foi semifinalista de duas edições da Copa Kaiser. Hoje, joga no Família 100 Valor, do Jardim Panamericano, uma das surpresas da edição 2013 do torneio- no domingo, ele enfrenta o Pioneer/Vila Guacuri, pela segunda rodada das oitavas de final, às 13h, no estádio do Nacional, na Barra Funda. A alegria que o jogador exibe nos campos de terra de São Paulo, porém, escondem uma história de preconceito vivida na Rússia.

Em 2003, o jogador passou pelo Anzhy  Makhachkala. O time, do Daguestão, uma república separatista da Rússia, ficou famoso nos últimos anos pelos gastos desenfreados do magnata Suleyman Kerimov com jogadores famosos. Entre outros nomes de peso, a equipe contou com os brasileiros Roberto Carlos e William e com o camaronês Eto’o. O primeiro se aposentou dos gramados com a camisa do clube. Os outros dois acabaram de ser vendidos para o Chelsea, após Kerimov anunciar corte de gastos e decidir vender suas estrelas.

Quando Róbson defendeu o clube, porém, a situação era modesta. O Anzhi tinha acabado de ser rebaixado da Premier League para a Primeira Divisão do futebol russo – que, na prática, era a Segundona. Com pouco investimento, apostou em estrangeiros. O elenco já tinha outro brasileiro, William Oliveira, que tinha chegado um ano antes. Mesmo assim, a situação que encontrou na equipe foi das piores: ele foi um dos primeiros negros a vestir a camisa do clube e sentiu o preconceito.

“Não foi uma passagem nada boa. Sempre que eu entrava em campo, os torcedores faziam gestos de macaco nas arquibancadas. Até os companheiros de time me tratavam de maneira diferente. Eu não entendia nada o que eles falavam nos treinos, mas o outro brasileiro do time, o William, entendia. Quando o treino terminava, ele me contava o que tinha sido falado. Eles também me ofendiam. Aguentei a situação por um ano. Não cheguei a reclamar, mas no meio da segunda temporada pedi para rescindir o contrato. Não dava mais”, lembra o meia.

Enfrentando oposição interna e dificuldades de adaptação ao clima, a passagem de Róbson pelo Daguestão foi ruim. Segundo o site oficial do Anzhi (que o chama de Róbson Paolo, não Paulo), ele defendeu o clube em apenas cinco partidas, quatro pela Primeira Divisão e uma pelas oitavas de final da Copa da Rússia. Não marcou gols e somou um cartão amarelo. “Além do preconceito, a dificuldade com o frio foi muito grande. Para você ter ideia, desembarquei em Moscou só com camisa, sem jaqueta, nada. Fiquei esperando morrendo de frio até a bagagem ser liberada”.

Histórias como a de Róbson são frequentes no futebol russo. Quando jogou por lá, Roberto Carlos, apesar do status de estrela que tinha, sofreu na pele a intolerância das arquibancadas: em uma partida contra o Krylia Sovetov, o lateral saia de campo com a bola do jogo e um torcedor atirou uma banana em sua direção. Roberto Carlos, então, atirou a fruta de volta para a arquibancada, jogou a braçadeira de capitão de sua equipe no chão e reclamou com o juiz da partida. “O ato racista, como qualquer outro comportamento agressivo, deve ser erradicado porque não tem lugar na vida cotidiana ou nos estádios”, reclamou Roberto Carlos.

Apesar do fracasso em seu único contrato profissional no exterior, a carreira de Robson dentro do Brasil foi sólida. Antes da Rússia, passou 12 anos no Juventus, entre categorias de base e o profissional. Em 1997, foi vice-campeão da Série C. “Até hoje, é minha principal conquista, por ser no time em que comecei no futebol”. A saída do time da Mooca aconteceu 98, com o fim de seu contrato.

O meia passou, então, a rodar pelo Brasil. Entre 2001 e 2002, jogou no Náutico, quando foi treinado por Muricy Ramalho. Foi bem e chegou à Rússia. Ao voltar da experiência traumática, passou por Avaí e Ceará, times pelo qual disputou duas Copas do Brasil. “Joguei com muita gente importante. O Muricy foi o técnico mais famoso com quem trabalhei, mas também fui treinado pelo José Carlos Serrão e pelo Vagner Benazzi. Entre os jogadores, peguei o fim da carreira do Fabinho, ponta do Corinthians, e do Jorginho (que acaba de ser demitido do cargo de técnico do Náutico). Com o Jorginho, joguei no Santo André, ao lado do Vágner, aquele goleiro do Botafogo, e com o Índio, do Corinthians, campeão mundial”.


Agenda da semana: feriado da Independência tem avalanche de aniversários
Comentários Comente

UOL Esporte

O fim de semana vai ser agitado para os varzeanos. A agenda dessa semana tem seis festas de aniversário, quatro festivais e mais rodada da Super Copa Vila Izabel – além, claro, da Copa Kaiser. Então, se você ainda está procurando programa para os próximos dias, é só escolher:

Bate Fácil

O pessoal do Bate Fácil, de Embu, está comemorando 27 anos com samba da Camisa Verde e Branco. No sábado (7/9), será realizado um festival, das 8h às 18h, no campo sintético da Rua Maringá, na Praça Alexandre Batista de Oliveira.

Família Unida

O Família Unida, do Jardim Santo Eduardo, de Embu das Artes, é um pouco mais velho: faz 31 anos. Para comemorar, no sábado (7/9) rola uma festa na sede do clube (Rua São Gabriel, 11-A Jardim Santo Eduardo – Embu Das Artes/SP – CEP: 06823-470). Mais informações no site do time: http://www.grfamiliaunida.com.br/

Ajax, do Jardim São Jorge

Para comemorar 20 anos, o Ajax, do Jardim São Jorge, está promovendo um grande festival no campo do Represa Nova, na Pedreira (Rua Gandara de Olivais, 17). Os jogos são no sábado (7/9):
10h – Renascente x Anhanguera
11h20 – Ouro Preto x Mãe Sara
12h30 – Turma do Baffô x Armação
13h40 – Pioneer x Nova Era

Jardim Elba

Se os outros times fazem festivais de futebol para comemorar o aniversário, o Jardim Elba está promovendo um festival de música, com 17 atrações. A festa rola no sábado (7/9), a partir de 10h, no campo do time, o Mané Garrincha (Rua Batista Fergusio, 1530). Os convites custam R$ 20 e dão direito a dois chopps e caneca personalizadas.

Maranhão Esporte Clube

Na Cidade Tiradentes, o aniversariante é o MEC, o Maranhão Esporte Clube, que faz 16 anos. Para comemorar, rolam seis partidas no sábado (7/9), na sede do time (Rua Moises de Corena, altura do número 700):
8h Amigos do Rafael x Amigos do Eric
9h30 Paradão/C. Tiradentes x Estrela/Ermelino Matarazzo
10h45 Nova Era/C. Tiradentes x Independente/Vila Izabel
12h20 Verona/C. Tiradentes x Amigos do Ataliba/Pq. São Lucas
13h40 100 Nome/C. Tiradentes x R2 Debony/Pedreira
15h MEC/C. Tiradentes x Boa Esperança/São Mateus

Grone’s

Já o Grone’s, do Tremembé, está completando 17 anos. A festa será no sábado (7/9), no CDC Copa 70 (Rua Eduardo Vicente Nasser, 354), com futebol e lançamento do samba enredo do Carnaval 2014 (que homenageia Mario Américo, massagista da seleção). Veja a programação:
10h Copa 70 x Patriarca (veteranos)
11h20 Grone’s (categoria 36) x Aurora
13h Florestal x Dragões da Norte/Jd. Maracanã
14h30 Jaçanã Futebol e Samba x Sem Conflito/Peruche
16h Grone’s x Rapa Fora/Vila Guarani

Miolo da Vila Esperança

Já a galera do Miolo, da Vila Esperança, está realizando mais um edição de seu Festival de Independência, no sábado (7/9), no CDC Julio Botelho (campo do Rio Branco – Metrô Penha):
8h Chuá Chuá/Vila Esperança x Falcão do Morro/Itaquera
9h Miolo/Vila Esperança x Acadêmicos/Vila Facchini
10h20 O Cérebro/Miolo da Vila x Grêmio/Penha
11h40 Íbis/Penha x Grêmio Anchieta/Cohab I
13h Rosa Negra/Penha x Unidos da Praça/Cidade AE Carvalho
14h20 Nenê da Vila Matilde x Garotos da Vila Santa Maria
15h40 Miolo/Vila Esperança x R2 Debony/Pedreira

Festival do Comercial, de Pirituba

O pessoal do Comercial marcou seu Festival da Independência em dose dupla. São dois dias de festa e futebol no CDC Jardim São José (Rua Dom Manuel Dell’Boux, 30, em Pirituba):
Sábado (7/9)
8h V. Miriam x Grêmio Brasilândia
10h30 Vila Iório x XV de Novembro
12h Arsenal/V. Iara x Biquinha
13h30 Largo 13 x Estrela Canta Galo
15h Nóis É Pó x Pau Queimado/Tatuapé
16h Comercial/Pirituba x Inter Pânico/Butantã
Domingo (8/9)
8h Caldeirão x Caldeirão
9h30 Beer Club x R8/Pirituba
11h Vila Real x Aliança/Pirituba
12h30 Juventus/Vila Zatt x Tan Tan/Taipas
14h Bati Facil/V. Airosa x Loucos e Malucos/Pirituba

Jardim Regina

O pessoal do Jardim Regina também organiza um festival em dois dias. No sábado (7/9) e no domingo (8/9), sempre a partir de 8h, no CDM Jardim Regina (Rua Pirapozinho, 117). A maior atração é o duelo do máster do time da casa contra a Seleção Paulista de Masters, no domingo.

To Nem Venu

Essa é por uma boa causa: o To Nem Venu, do Jardim Fernandes, está organizando um festival beneficente. O objetivo é arrecadar fundos para a festa do Dia das Crianças. Quer ajudar? Vá até o CDC Raul Antônio Marques, o campo do Barroca (Rua Bernardino Franchesi sem número – altura do 2.500 da Avenida Itaquera):
Sábado (7/9)
14h Ilha da Madeira x Bola Branca
15h30 África x Kideroco
Domingo (8/9)
9h Paraná Clube x Olimpique
10h30 XV de Novembro x Só os Fortes
12h Barroca x Disciplina

Super Copa Vila Izabel

Já o pessoal do Vila Izabel continua realizando a sua Copa. No fim de semana, serão sete jogos no Ninho da Coruja (Av. dos Eucaliptos, S/nº – Alto de Quitauna – Osasco):
Sábado (7/9)
11h CAP x Vila Izabel
12h30 Furacão x Levanta Poeira
14h Lagoinha x Imperio Negro
15h30 Muvuca x Vila Nova
17h Unidos do Vila Yolanda x Vila Nova Paquetá
Domingo (8/9)
13h Bola Branca x Vila Iza
14h30 Três Corações x Mocidade Cabuçu


Vida de marajá? Veterano da várzea lembra perrengues no mundo árabe, incluindo mulher na coleira
Comentários 11

UOL Esporte

Quando ouve que o craque do time foi para um time do “mundo árabe”, o torcedor logo pensa que o jogador viverá, nos próximos meses, uma verdadeira vida de marajá. Muito dinheiro, mansões gigantescas, carros luxuosos, uma verdadeira vida de rei. A realidade, porém, é muito diferente.

Rodrigo Piu, hoje veterano do futebol de várzea, sabe bem disso. Aos 32 anos, ele tem passagens por Emirados Árabes e Irã. E muita história para contar. A primeira foi logo em sua primeira experiência nas Arabias: “Quando eu cheguei no aeroporto de Dubai, não sabia nada sobre o lugar. Fui dar uma olhada e, no aeroporto mesmo, vi uma mulher com o rosto coberto e uma coleira no pescoço. A guia estava na mão do marido, que devia ser um sheik. Igualzinho a cachorro”, conta.

O choque foi grande. “Se ele podia fazer aquilo com a mulher, imagina o que eles poderiam fazer comigo? Um estrangeiro, que não falava a língua local, não conhecia os costumes. Pensei: ‘Estou perdido’”.

Não foi bem assim. Piu sobreviveu relativamente bem ao período. Tanto que, até hoje, considera o emirado de Dubai o local mais bonito que já visitou – e olha que, enquanto esteve por lá, viajou bastante para “esquecer a tensão”, incluindo passagens por paraísos da Oceania, como a Indonésia. “É de tirar o fôlego. Eles construíram uma praia dentro da cidade. Inacreditável”.

Mas nem tudo são flores. O pior da experiência é o calor. E o código de vestimenta que faz com que você sofra ainda mais com ele. “É muito quente. Durante o dia, você enfrenta 45, 50 graus. Todos os dias. E não pode usar pouca roupa, para refrescar. Bermuda é proibido. Camiseta regata, também. Você tem de estar de camisa com manga e calça durante todo o tempo. Mas você se acostuma”.

No Irã, a experiência também foi difícil. Ele foi contratado para jogar no Shahid Ghandi (que não existe mais), da cidade de Yazd, mas se contundiu no início de seu contrato. Ficou três meses em recuperação em Teerã. “Não conhecia ninguém e não falava a língua. Mas como todo ser humano, eu me adaptei. Em três meses, aprendi a falar farsi quase fluentemente”.

Recuperado, a experiência iraniana ficou positiva. Os brasileiros do time o acolheram e ele fez amizades com profissionais iranianos que trabalhavam no clube. “Todo mundo tem uma imagem muito radical do Irã. Do regime fechado, do fundamentalismo. Mas é bem diferente. É claro que a cultura é muito rígida e eles obedecem regras muito duras. Mas são, também, um povo muito acolhedor. O persa é um povo desconfiado, mas, depois que você conquista a confiança, ganha amigos para a vida inteira”.

Gostou tanto que, até hoje, diz que é o melhor país em que viveu. Além de Irã e Emirados Árabes, Piu também jogou na Itália e no Peru. Hoje, ele está jogando na várzea de São Paulo. É atacante do Pioneer, da Vila Guacuri, que está nas oitavas de final da Copa Kaiser. E joga no próximo domingo (às 13h), no campo do Nacional, na Barra Funda, contra o Família 100 Valor, do Jardim Panamericano.