Papo de Varzea

De coadjuvante a finalista: Família 100 Valor bate Nápoli na semi da Kaiser

UOL Esporte

Fundado em 1979, o Nápoli tem tradição no futebol varzeano da capital, conta com um título da Copa Kaiser em sua galeria de troféus e ainda chegou ao domingo com a melhor campanha da edição 2013 do torneio. Contra o Família 100 Valor, do Jardim Panamericano, um time que nunca tinha disputado a Copa Kaiser até o ano passado, o time da Vila Industrial era o favorito.

UOL TRANSMITE FINAL AO VIVO

  • Divulgação/Copa KaiserNo domingo, o UOL vai transmitir, ao vivo, a final da Série A da Copa Kaiser. O jogo está marcado para 13h30, entre Leões da Geolândia e Família 100 Valor.

No domingo, na semifinal da Série A da Copa Kaiser, porém, nada disso importou. Grata surpresa do campeonato, o 100 Valor, com um elenco talentoso e feras da várzea, venceu por 1 a 0, em uma partida que teve todos os ingredientes de um clássico da várzea. De gol anulado a discussões, passando por expulsões e gols perdidos.

O pré-jogo já dava indícios de que seria assim. As torcidas estavam agitadas, mas faziam um belo espetáculo. Fumaça, bandeiras, camisetas, faixas e gritos de incentivo. Em uma bandeira, a frase “Fio Eterno” homenageava um dos fundadores da torcida Nação Azul, do Nápoli. A organizada também estendeu um dos maiores bandeirões dos times de várzea. A torcida do 100 Valor não ficava atrás. Em bom número, pulava na cadencia da bateria Chapa Quente e um grande busto com o mascote do time corria nos braços da torcida.

O duelo começou quente. Logo no segundo minuto, o centroavante Gão, do 100 Valor, recebeu na frente e marcou. O impedimento foi marcado pela assistente Maria Núbia Ferreira Leite. Aos cinco, de novo Gão, que se movimentava bem, pegou um passe por trás da defesa e passou por Xixa. Ele driblou William, mas foi tocado. O juiz Flávio Rodrigues Guerra marcou o pênalti. Gão bateu, sem chances para o goleiro.

O Nápoli tinha que acordar no jogo. Aconteceu aos 11 minutos. Jô recebeu na área, enganou o zagueiro Dentinho e toco no meio da área. Digão dominou em boas condições, próximo à pequena área, mas demorou para chutar e foi travado por Índio. Aos 18, Cecéu foi na linha de fundo e cruzou. Digão chutou forte e o goleiro Dida, bem colocado, fez a defesa.
 
Aos 21, foi a vez do 100 Valor revidar. O lateral Amassado, improvisado como volante, quase amassou seu time. Ele saiu errado e a bola caiu na cabeça de Lê, que avançou sozinho em direção ao gol. Entrou na área e, na hora do chute, foi alcançado pelo zagueiro  Mizael. Na cobrança de escanteio, Gão errou o carrinho na linha do gol e a bola sobrou para Lê, que, na confusão, colocou para dentro. A assistente Maria Núbia, anulou por impedimento, muito contestado pela torcida e jogadores.

Um minuto depois, Sarrafo acertou um chute de esquerda no travessão. No rebote, já fora da área, Amassado chutou e Dida tirou por cima, com as pontas dos dedos. No último lance do primeiro tempo, Lê, do 100 Valor, deixou Gão sozinho. O zagueiro Lulinha conseguiu salvar.

No segundo tempo, o Nápoli veio com mais força, mas o 100 Valor sabia o que fazer: jogar nos contragolpes e usar a velocidade. Aos 30 segundos, Gão recebeu na intermediária, deixou para trás o marcador, chegou à meia lua da área, mas, na hora do chute, foi travado por Mizael. Dois minutos depois, em cobrança de escanteio, quem subiu foi o volante Bia, que desviou de cabeça para fora.

Aos cinco minutos, o time napolitano entrou no jogo. O meia Rato cruzou da esquerda, à meia altura. A bola quicou em frente ao atacante Digão, com o gol livre, que chegou atrasado. Aos nove, confusão na área e dois chutes perigosos do 100 Valor. No primeiro, a defesa do Nápoli salvou. No rebote, Gão avançou dentro da área, driblou o goleiro William e chutou. A bola ia entrar, mas Cecéu impediu o gol.

Pelo ritmo do Nápoli, parecia que as coisas iam virar. Aos 13, Xixa cruzou rasteiro e Digão, mesmo marcado, conseguiu o chute, para defesa do goleiro Dida. O jogo ficou nervoso, com algumas entradas duras. Aos 23, Rato, para o Nápoli, jogou a bola pingando na pequena área e Digão perdeu, sozinho.

Aos 29, o 100 valor respondeu. Em cobrança rápida de falta, a zaga parou e Gão saiu cara a cara com o goleiro William, que mergulhou nas pernas do centroavante para ficar com a bola. O Nápoli adotava um esquema arriscado, todo no ataque, com um buraco na defesa. Mas era tudo ou nada naquele momento.

Tanto que, aos 31, quase levou o gol. Salgado, o jovem e talentoso atacante que acabara de entrar no 100 Valor, recebeu um lindo passe na ponta direita. Partiu com bola dominada até a grande área e chutou, para defesa de William. Um minuto depois, outro contra-ataque, três do 100 valor contra dois do Nápoli. Miranda avançou e, na direita da grande área, chutou cruzado, para fora.

Quando faltavam dois minutos para o fim do jogo, uma confusão começou no meio-campo. Troca de empurrões, ameaças de agressão e dois expulsos. Digão, do Nápoli, e Gão, do 100 valor, levaram o vermelho. Pior para o time da zona oeste, que perdeu um ótimo jogador para a final. Mesmo assim, aos 33, o Nápoli teve a sua bola do jogo. Sarrafo pegou na lateral direita, deu um chute venenoso. A bola subiu e o goleiro Dida mandou para fora, em linda defesa. O 100 Valor ainda teve uma última chance, já nos acréscimos. Salgado pegou o lançamento, passou por Cicinho e levantou para a área. A bola caiu no pé de Miranda, que caprichou, mas mandou na trave.

O texto foi feito pelo parceiro do Papo de Várzea Marcelo Costa. Jornalista e funcionário público, ele está sempre atrás da melhor história nos campos da cidade. Escreve, também, para o Jornal É Nosso.

Voz do Terrão é o espaço que o Papo de Várzea oferece para que você conte a história do jogo que assistiu no fim de se semana. Você quer participar? Mande o relato pelo e-mail papodevarzea@gmail.com