Papo de Varzea

Copa Kaiser: sobraram oito times. E só aqueles com muita estrela

Papo de Várzea

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Neste domingo, conheci Tiago Melo. Para ser sincero, achei que era mais um daqueles malas que todo time tem. Ele começou no banco de reservas, não parava de falar com o quarto árbitro e com a mesária. Fazia brincadeiras, arrancava risadas, quem via achava que ele estava lá para atrapalhar o trabalho de quem era responsável por conduzir a partida. Eu estava errado. E muito errado.

Depois de provocar o juiz principal (“Muito fraco ele, hein… Eu to brincando!”) e elogiar a reposição de bola do quarto árbitro (“Que que é isso… Que quebrada foi essa?”), ele avisou, baixinho: “Vou entrar e marcar o gol da vitória. E vou fazer como o Aloísio e te dar uma voadora”. Ninguém acreditou. Mas não é que ele cumpriu a promessa?

No campo do Nacional, o meio-campista dominou a bola no meio, lançou bonito na esquerda e acompanhou a jogada. A bola sobrou no seu pé dentro da área, sem marcação. Ele chutou com firmeza. Fez 1 a 0 para o Praça, de Pirituba, que surpreendeu o favorito Danúbio, da Freguesia do Ó. “Falei mesmo (que ia marcar o gol da vitória). Mas nem acreditava mais. Foi quando um dos companheiros disse: você vai entrar e a gente vai ganhar. Ele foi lá, falou com o técnico e eu entrei. Incrível”, diz o andarilho de 29 anos, que acaba de voltar de Omã. “Vida difícil por lá. Os costumes são muito diferentes”.

Resumindo: o cara entrou em campo cinco minutos antes do fim do jogo e, na sua primeira jogada, cumpriu o que tinha prometido. Fez o gol da vitória. Emoção não faltou para Tiago. E nem nos outros jogos da rodada. A outra partida no Nacional também foi emocionante.

O Noroeste, da Vila Formosa, venceu o Saad, do Jardim Rincão, por 2 a 1. Muita gente reclamou do atacante Leandro, que perdeu alguns gols. Mas o time da Vila Formosa foi soberano durante toda a partida, aproveitando a experiência de seus veteranos – Memeco, Bimba e Maurício, por exemplo, já passaram dos 30 há algum tempo – e o vigor físico dos novatos.

“O time está mais forte. Até o ano passado, a equipe tinha uma média de 32 anos. Hoje, estamos mais jovens. Entrou uma molecada. A gente percebeu que precisava de mais gente para correr”, admitiu Maurício, um dos que fazem parte da base experiente do Noroeste.

Quem também usou sua experiência foram os campeões Leões da Geolândia, da Vila Medeiros, e Nápoli, da Vila Industrial. O primeiro, venceu o Inajar de Souza, da Vila Nova Cachoeirinha, por 2 a 0, evitando a zebra. O segundo teve mais trabalho: empatou com o Leões Unidos, de Inácio Monteiro, por 1 a 1 e só se classificou nos pênaltis (vitória por 8 a 7).

Quem também se classificou nas cobranças alternadas foram Nove de Julho, da Casa Verde, para alegria de sua enorme torcida, e Palmeirinha, de Paraisópolis, e com placares idênticos. As duas partidas terminaram em 1 a 1 e, nos pênaltis, o vencedor fez 4 a 3.

Para completar, dois jogos na zona leste. O Coroa, do Conjunto José Bonifácio, segue em sua surpreendente campanha, após vencer o X do Morro, de AE Carvalho, por 1 a 0. Já o Novo Horizonte, de Itaquera, foi o responsável pela maior zebra do dia: venceu por 1 a 0 o Central Leste, também de Itaquera, time que tinha vencido todas as suas partidas até agora, sem sofrer gols.

Confira todos os resultados:

Noroeste 2 x 1 Saad

Danúbio 0 x 1 Praça

Apache 1 (3) x (4) 1 Nove de Julho

Inajar de Souza 0 x 2 Leões da Geolândia

Palmeirinha 1 (4) x (3) 1 Milianos

Coroa 1 x 0 X do Morro

Central Leste 0 x 1 Novo Horizonte

Leões Unidos 1 (7) x (8) 1 Nápoli 

Por Bruno Doro