Papo de Varzea

Nove de Julho vence a última Copa Kaiser. No fim das contas, foi merecido

Papo de Várzea

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Depois da reflexão, vamos ao jogo. O campo do Nacional estava lotado para a final da Copa Kaiser. E viu uma partida típica de várzea: o time que contava com a maioria da torcida na arquibancada começou mais forte, abriu o placar, mas, com medo do empate, recuou. E, como os Deuses da bola não perdoam, veio o empate, os pênaltis e a coroação de um novo campeão.

O Nove de Julho, da Casa Verde, venceu o Leões da Geolândia, da Vila Medeiros, nas cobranças da marca da cal por 4 a 3, após empate em 1 a 1 no tempo normal. Título merecido para um clube de 60 anos que nunca tinha passado da terceira fase da competição. E um presente para os torcedores que lotaram o campo. Segundo a polícia militar, oito mil torcedores assistiram ao duelo.

O jogo

A análise fria da partida dizia que o Nove era um time mais raçudo. O Leões, atual campeão, era mais técnico, mais cerebral. Quando o juiz (o catarinense Raphael Klaus, aspirante ao quadro da Fifa do estado de São Paulo) apitou o início do jogo, porém, o que se viu foi o oposto.

O Nove trocava passes com mais facilidade, comandava a partida. Mas não era objetivo. Até os 20 minutos, quando Diego Washington virou a bola, de maneira brilhante, para Mosquito. Livre, ele entrou na área e bateu na saída do goleirão Fábio CataCoco, do Leões.

O time da Casa Verde só ameaçava em chutes de longe. Em um deles, já no segundo tempo, obrigou o goleiro Bruno, do Nove a uma defesa dificílima, no ângulo direito. Aos 37 minutos, quando a torcida do Nove já esperava o fim do jogo para comemorar, veio o empate, em uma confusão dentro da área. Pênalti em Sullivan, Reginaldo cobrou e empatou.

Os pênaltis

Nas cobranças, Mosquito, o nome do jogo, começou perdendo. Acertou o travessão de Fábio. Sorte dele que a pontaria do Leões não estava das melhores. Sullivan e Tatu erraram, definindo os 4 a 3 para o Nove.

As frases

Nosso time entrou com uma postura muito ruim. Acho que pensamos que só precisávamos entrar em campo para vencer. Futebol não é assim”, Fábio CataCoco, goleiro do Leões da Geolândia

Não terá mais Kaiser. Mas se tivesse, iríamos para cima. Seríamos campeões de novo”, Ederson, técnico do Nove de Julho

Quando errei o primeiro, achei que tinha acabado ali a chance de ser campeão”, Mosquito, camisa 10 do Nove de Julho

O destino

Essa foi a última edição da Copa Kaiser. A organização deve seguir com a competição, com outro formato e, provavelmente, outro patrocinador. Torcemos para que a história tenha uma sequência. Não é todo dia que se vê um campeonato amador reunir oito mil pessoas em uma decisão – lembrando que é da Copa Kaiser o recorde brasileiro de torcedores em um jogo de várzea, no Pacaembu, em 2012, quando o Ajax venceu a Turma do Baffô sob o olhar de mais de 20 mil pessoas.

Por Bruno Doro