Papo de Varzea

Histórias do país da Copa: a importância de um recorde

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Antes da final da Copa Kaiser, o técnico do Nove de Julho, que seria o campeão alguns dias depois, me procurou. “Oi, você sabe qual a idade do técnico mais novo que já ganhou a Copa Kaiser?” Eu não tinha a menor ideia da resposta. “Eu tenho 32 anos. Queria saber se era o mais novo”.

Comecei a pensar sobre o assunto. Será que a idade de um treinador importa tanto assim? Ederson Araújo mostrou que não.

Ele chegou ao Nove de Julho no começo do ano. Um dos times mais difíceis de se comandar do futebol de várzea de São Paulo. A diretoria é apaixonada. A torcida, fanática. Os jogadores com quem já conversei sempre ressaltaram isso. Outro detalhe, o time da casa Verde era obcecado pelo título da Copa Kaiser, mas nunca tinha passado da terceira fase.

Mas, claro, não bastava só isso. Quando Ederson chegou, o time só tinha seis atletas. Ele teve de recrutar mais 17 atletas. “O Nove não é fácil. O trabalho dele foi complicado demais. Mas olha o que esse time conquistou”, elogiou Fernando Pitbull, autor do gol mais importante da história recente do Nove de Julho, que se aposentou no ano passado.

Como Ederson fez isso? Conhecendo muito bem o adversário. A final, contra o Leões da Geolândia, da Vila Medeiros, parecia um desafio perdido. “O Nove tem garra, mas o time do Leões é muito melhor. Mais experiente, mais técnico”. Ouvi a frase de muita gente naquele estádio.

Mas não de Ederson. “Eles jogam com três zagueiros. Vou jogar com três atacantes. Tirar a sobra. Um drible, uma virada de jogo. E um jogador vai sair na cara do gol”. Quando Mosquito recebeu uma bola na esquerda, completamente livre, eu percebi que ali estava um cara diferente dos técnicos que se costuma encontrar no futebol amador. Parabéns, Ederson!

Por Bruno Doro (a foto é Eduardo Lima)