Papo de Varzea

Categoria : Lendas da Várzea

Lendas da Várzea: Morte de tio transforma jovem de 21 anos em presidente de time
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Quando ouvimos a palavra cartola, é normal imaginar pessoas mais velhas. Nesse caso, porém, a função de dirigente virou herança de um jovem apaixonado pela várzea.

Morte de tio transforma jovem de 21 anos em presidente de time

“Eu sempre estive envolvido com o futebol amador. Mas virei dirigente por herança. E assumi a presidência de um time aos 21 anos. Não sei se fui o presidente mais novo da várzea. Mas com certeza estava entre os mais jovens.

Tudo começou em 1998, quando eu tinha apenas 12 anos. Meu tio Nei era presidente do Jardim Sinhá e organizou um campeonato. Era a primeira Copa Jardim Sinhá. E precisava de um mesário. A responsabilidade era grande. Eu era criança, mas precisaria anotar todos os cartões, amarelos e vermelhos, e ainda controlar as substituições.

Acho que fui bem nesse desafio e, no ano seguinte, meu tio me chamou de novo para a função. Com a experiência que ganhei nesses dois anos, acabei entrando para a diretoria. Fui diretor colaborador, diretor esportivo. E então veio o ano de 2004.

Meu tio Nei, que era o presidente, morreu. E acabei virando presidente. Eu tinha só 21 anos. Era muito novo para a função, mas resolvi fazer uma aposta. Deu certo. Três anos depois, já tínhamos dado um passo inédito: conseguimos a vaga para a Copa Kaiser, com uma participação importante: no jogo decisivo, falei com todos os jogadores no intervalo. E acabamos virando.

Em 2011, infelizmente, o Sinhá foi eliminado da Kaiser por um W.O. e deixei a presidência. Não queria mais saber de futebol. Mas veio o convite do Carrão e não resisti. Quem gosta da várzea, não fica longe muito tempo.”

Essa é a história de Marcelo Nunes, diretor do Carrão e presidente do Jardim Sinhá por oito anos. No ano passado, com a ajuda de Marcelo, o time da Vila Carrão fez uma de suas melhores campanhas na Copa Kaiser, chegando até a quarta fase.

 

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Briga na arquibancada faz torcedor virar presidente de time de várzea
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UOL Esporte

Futebol de várzea é caso de amor. Mas, no caso de um certo dirigente da zona sul de São Paulo, esse amor começou com uma briga daquelas “de sair pingando sangue”:

O brigão, o time e o presidente

“Tive certeza de que eu amava o Pioneer aos 12 anos. E nunca achei que alguém acreditaria na história.

Eu tinha 12 anos e já acompanhava os jogos do time. Era torcedor mirim, mas não era parte do time, da diretoria de nada. Só simpatizava.

No nosso bairro, tinha um rapaz chamado Zica, que tinha a mesma idade, e folgado. O mais folgado da região. Morava na quebrada de cima e descia para onde os garotos brincavam para roubar pipa e tomar linha dos outros. Todo mundo tinha medo dele.

Eu também já era folgado naquela época, mas era menor. Um dia, eu estava assistindo um jogo do Pioneer quando ele chegou. Ficou atrás de mim e estava lá só para me encher. Começou a jogar pedras em mim. Do nada, começamos a brigar. Porrada mesmo, um em cima do outro, aquele bolo.

Foi aí que aconteceu uma coisa que eu nunca esqueço: o tio dele, que já era adulto, percebeu que o Zica estava levando a pior e resolveu entrar na briga. Eu era moleque, 12 anos, magrinho e estava apanhando muito dos dois.

Nessa hora, o capitão do Pioneer viu o que estava acontecendo e parou o jogo. Todos os jogadores foram para cima dos dois, deram uma surra neles e colocaram para correr. Eu já tinha simpatia, mas foi aí que o amor começou. Aí que eu disse: ‘Esse é o meu time mesmo’. E o jogo nem acabou…”

Essa é a história de Sérgio Ricardo, presidente do Pioneer, da Vila Guacuri. O time foi campeão da Copa Kaiser, o principal torneio de futebol amador da cidade, em 2010, e no domingo estreou com empate em 0 a 0 com o Califórnia, do Jardim Alvorada (aqui a situação do grupo).

Sobre o Zica, a história também é boa: depois de alguns anos sem se encontrar, ele e Sérgio se tornaram melhores amigos. A relação é tão forte que os dois trabalham juntos: Flávio (o verdadeiro nome do garoto brigão) é cozinheiro no restaurante de Sérgio e já foi vice-presidente do Pioneer.

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