Papo de Varzea

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Punir o time para punir o torcedor. Na várzea, funcionou
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Papo de Várzea

Violência de torcida não é um assunto do Papo de Várzea. O parceiro Carlão Carbone costuma dizer que “quando rola treta, é desligar a câmera e olhar para o outro lado”. Em alguns casos, é pode ser melhor fazer isso mesmo. Mas vendo as imagens da invasão ao CT do Corinthians, lembrando do que rolou em Atlético-PR e Vasco no ano passado, acho que a várzea pode ajudar na discussão.

Vamos aos fatos: no futebol amador, não existe policiamento. Não tem segurança e, se rolar uma briga de torcida, ninguém vai separar. Quando a discussão rola na pelada de fim de semana, a turma do deixa disso aparece e os ânimos esfriam. Se bobear, os brigões, depois do jogo, dividem uma cerveja gelada no bar do campo.

FINAL NO PACAEMBU, COM RIVAIS E SEM BRIGA

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O problema acontece quando os jogos valem pontos, títulos, troféus, com equipes com torcidas. Imagine um público de quatro mil pessoas, espalhadas pelo alambrado, sem policiamento para evitar confrontos. Como evitar problemas? Punindo os times.

No futebol amador, seria impossível punir torcidas. A solução é punir diretamente os times. Rolou briga entre torcedores? Quem é punido é o time. Um jogador agrediu o árbitro? O time é eliminado do torneio.

Em dois anos indo semanalmente aos campos de várzea de São Paulo, nunca vi uma briga fora de campo. Dentro, tampouco (empurrões e socos isolados, é claro, acontecem, mas nunca algo generalizado). E olha que relatos de brigas, no passado, são comuns. Mas todos são unânimes ao dizer: “Ninguém briga. Por que, se brigar, o time é punido. E ninguém quer ficar sem o futebol de domingo”.

O clube evita violência, com diretores e jogadores sempre intervindo quando as coisas podem sair do controle. Mas os próprios torcedores também são fiscais. Vi, em mais de uma ocasião, pessoas mais exaltadas sendo arrastadas por colegas de mesma camisa para que não provocasse problemas.

Os exemplos são da Copa Kaiser, o torneio que acompanhei mais de perto, mas sei que a mesma postura acontece na maioria dos torneios. Se o campeonato é importante, e os torcedores têm orgulho de estar torcendo por seu time naquela competição, a ameaça de não ter mais aquela disputa evita a violência.

É justamente isso que o futebol profissional não tem. Punição. É claro que o ideal seria punir criminalmente quem comete crimes em estádios. Mas até que isso aconteça, por que não punir equipes que tem torcedores brigões? Pode parecer drástico ver, por exemplo, o Corinthians eliminado do Paulistão por uma ação de seus torcedores. Mas é tão chocante quanto ver um torcedor agredir um atleta de seu próprio time (como aconteceu no sábado no CT, mas também já foi visto no Palmeiras, no Santos, no São Paulo…).

Bruno Doro


O que vem por ai para a várzea
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Na semana passada, recebi um e-mail do pessoal do Negritude. A ideia era ter falado sobre a Copa Negritude no fim de semana. A agenda não permitiu… Mas, vamos lá. O tradicional campeonato começou no sábado. Ao contrário de outros anos, a categoria esporte, disputada pelos principais jogadores, não será disputada.

A 15ª edição do torneio (que está sendo feito em parceria com uma empresa de captação de talentos esportivos chamada Dimateo) irá reunir 24 times em cada uma das duas categorias, Master 40 e Master 50, entre fevereiro e junho de 2014. A final está marcada para o dia 8 de junho, apenas a quatro dias do início da Copa do Mundo – que, para quem não sabe, fará sua abertura, na partida entre Brasil e Croácia, no Itaquerão, a duas quadras dos campos do CDC Alvorada, onde será disputada a Negritude. Quem quiser saber mais, vá até o site do time: www.negritudefutebolclube.org.br

A realização do torneio, porém, me lembrou que ainda não discutimos sobre o panorama do futebol de várzea em São Paulo em 2014. Vamos a algumas pílulas:

– A Copa Kaiser, em sua despedida, será disputada em um formato novo. A Série B acabou e os 192 times da A irão disputar apenas uma fase de grupos. Depois, mata-matas! A final deve ser disputada no mesmo 8 de junho, quando a Negritude terá suas finais.

– O mercado de jogadores diminuiu muito. Sem uma segunda divisão do principal torneio da cidade, a oferta de atletas aumentou e os times estão escolhendo com muito mais cuidado em quem apostar. Devemos ver muitos times fortes por aí!

– Além dos torneios tradicionais, o segundo semestre pode reservar surpresas para os times varzeanos. Ouvimos boatos de que grandes empresas estão interessadas no mercado de futebol amador da cidade e que é possível ter dois novos campeonatos, com grandes patrocinadores, após a Copa do Mundo. Vamos torcer!

Bruno Doro


Terceiro uniforme? Várzea tem time com sete camisas diferentes
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camisas

Sabe a moda do terceiro uniforme? No Corinthians, a camisa roxa fez sucesso. No Fluminense, a laranja é campeã de vendas. No Boca Juniors, da Argentina, a rosa foi a mais vendida da história. E como a várzea aproveita todas as boas ideias do profissional, o fardamento alternativo também apareceu.

Olhe o exemplo do Pioneer, da Vila Guacuri. O time lançou, no domingo, seus uniformes para 2014. No total, são sete camisas diferentes, contando apenas os uniformes de jogo. Os modelos de goleiros não estão incluídos na conta, assim como as femininas (foi feita uma rosa, por exemplo, no mesmo layout da principal).

E não é que deu certo? No primeiro dia de vendas (o Pioneer monta, em todos os seus jogos, uma banca de produtos oficiais que aceita até cartão de crédito), os torcedores acabaram com o estoque. Foram vendidas quase 100 camisetas. Parte desse número, aliás, será entregue por correio: quando os compradores chegaram, a lojinha já não tinha mais produtos disponíveis. Normalmente, o número de camisetas vendidas fica na casa das 20 unidades.

“É uma tradição do Pioneer fazer uniformes diferentes. Nesse ano, são sete modelos. Muita gente comprou. Muita gente reclamou também, mas isso é normal. No ano passado, quando fizemos o uniforme do alvo, foi a mesma coisa. Logo depois, já estavam elogiando”, explica Sérgio Ricardo, o presidente do time da Vila Guacuri.

Nos últimos anos, a venda de camisetas oficiais se tornou uma parte importante da vida dos times de várzea. “Nesse ano, a venda de camisas vai fazer diferença. A Uniex, que fez as camisas, não é só fornecedora do uniforme, mas patrocinadora do time. As camisas para a torcida saem por um valor bem mais baixo do que estávamos trabalhando e, com isso, o lucro é maior”, completa Sérgio.

O Pioneer não é o único que tem esquema de lojinhas. O Ajax, da Vila Rica, e o Noroeste, da Vila Formosa, também estão lucrando com a venda de suas camisas em dias de jogos.

Por Bruno Doro


Artilheiro da Copinha deixou a várzea há apenas três meses
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A história é batida: atacante deixa a várzea para brilhar no futebol brasileiro. Nos últimos anos, Leandro Damião fez isso no Internacional. Rildo, pela Ponte Preta, e Paulinho, pelo Flamengo, também. O próximo nome dessa lista pode ser o atacante Gustavo.

Não conhece? Então vá olhar a lista de artilheiros da Copa São Paulo. Ele aparece no primeiro lugar, com sete gols. Atacante alto, com 1,89 m, e rápido, ele é o grande destaque do Taboão da Serra na Copinha de 2014. Graças a seus gols, o time paulista já despachou rivais tradicionais, como Grêmio e São Caetano, e está nas oitavas de final. A equipe enfrenta, nesta quinta, às 18h, o Audax-SP, por uma vaga nas quartas.

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Gustavo nasceu em Registro, no sul do estado. Antes de chegar ao Taboão, o atleta atuava apenas em competições de várzea na região do Vale do Ribeira. “Nunca havia jogado em um clube de verdade, quando surgiu a possibilidade de fazer uma avaliação no Taboão, que estava formando um time para a disputa do Campeonato Paulista Sub-20 e da Copa São Paulo. Fui aprovado e acabei conquistando meu espaço aos poucos”, disse o jogador, à assessoria de imprensa do time.

“O Gustavo é um jogador de área, que aproveita bem sua estatura avantajada, mas tem habilidade com a bola nos pés e visão de jogo. Ele é nosso cobrador oficial de pênaltis e também um atleta muito guerreiro, que dá o primeiro combate quando os zagueiros adversários tentam sair com a bola dominada”, analisa Erivelton Lima, consultor de futebol do Taboão.

Por Bruno Doro


Várzea solidária: chegou a hora da cadeira de rodas
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Papo de Várzea

A galera do futebol de várzea é mesmo muito unida. Quando os caras resolvem fazer alguma ação diferente, não tem jeito. Eles não sossegam enquanto a coisa não sai. E assim acontece com a última ideia que alguns diretores tiveram para ajudar uma grande amiga dos terrões. Você lembra da Alessandra Santana, diretora do Boa Esperança, time da Zona Leste? Contamos a história por aqui, quando ela sofreu um acidente e hoje está impossibilitada de andar.

O pessoal está rifando uma camisa especial (foto abaixo) para comprar uma cadeira de rodas motorizada no valor de R$ 10 mil. Para conseguir, é só seguir a conta: cada rifa contém 100 números e cada número custa apenas R$ 2. Ou seja: com uma só cartela, é possível juntar R$ 200. Vivemos numa cidade com mais de mil times de várzea. Se apenas 50 ajudarem, pronto. Chegamos aos R$ 10 mil.

Se você tem um time, se você joga ou quer ajudar de alguma forma, vai lá no Facebook, procure o grupo Jornal da Várzea, com mais 6,2 mil membros. Logo, você encontra a mobilização de pessoas, como a Sindy Souza, diretora do Explosão da Vila Joaniza, ou o Adilson Bispo, presidente do Represa Nova, time da Pedreira. Enquanto tem gente que espera até hoje para ver o gigante acordar, saiba que o verdadeiro gigante pisa nos terrões faz muito tempo.

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Times garantem participação

Algumas agremiações já garantiram que vão participar da campanha depois da divulgação do projeto pelas redes sociais. “Pode contar conosco”, postou a diretor do Jardim Verônia, pelo Facebook. Já os diretores do Nove de Julho da Casa Verde, Henrique e Carlinhos Brasa, também se prontificaram a ajudar. Quem também vai fazer parte dessa campanha é a rapaziada do Madrid FC da Mooca, do Ouro Preto do Iporanga, do Leões Unidos, além de parceiros do futebol de várzea. Mais informações: diego@varzeapedia.com

Por Diego Viñas