Papo de Varzea

Sem a Kaiser, quais são as alternativas para o varzeano?
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Nesta semana, confirmamos que a Kaiser vai deixar de organizar o principal campeonato de futebol de várzea da cidade. Em 2014, o torneio terá sua última edição e será mais curto. Mas qual será o reflexo disso para os varzeanos?

O Papo de Várzea conversou com algumas personalidades do futebol amador para saber qual era o panorama previsto para o ano que vem. A primeira conclusão é rápida: o nível técnico do torneio vai aumentar. E muito. Até este ano, o campeonato envolvia quase 400 times com 20, 25 atletas cada um. Com o número de times caindo pela metade, os elencos serão qualificados. Além disso, como só um classificado em cada grupo e sem as vagas por índice técnico, todo jogo passa a valr muito.

Outras conclusões são menos previsíveis. A visão é que, em 2014, campeonatos menores vão ganhar muito mais importância. Duas pessoas cuja opinião eu respeito muito falaram bem sobre a Copa Negritude. O torneio é um dos mais tradicionais da Zona Leste da cidade, tem história e respeito dos varzeanos. O pessoal da diretoria não vai gostar, mas a realização da Copa Ives Ota está sendo  benéfica para eles. A Copa Negritude não foi realizada em 2013 por motivos diversos, mas o segundo torneio foi feito no mesmo local, com os mesmos times e com a mesma equipe técnica trabalhando. É uma continuidade que só reforça essa tradição.

A Copa da Paz, de Heliópolis, está na mesma situação: tem tradição, é bem organizada e respeitada. Quem viu os vídeos que o Carlão Carbone mandou para o blog com as finais viu isso.

Outra competição que foi citada foi a Copa Pirituba. E aqui entra um conceito que deve ganhar força: as copas regionais. Com a realização de um torneio que envolve a cidade inteira, e que atraia a atenção das comunidades, copas regionais acabaram em segundo plano. Com uma Kaiser menor, o campeonato do bairro volta a ganhar força. Pirituba e Heliópolis, duas regiões que tem um time amador em cada esquina, devem viver esse fenômeno.

Além disso, os times vão aproveitar para aumentar o número de torneios e festivais que eles mesmos organizam. A Copa Nove de Julho, na Zona Norte, e a Super Copa Vila Izabel, na zona Oeste, são exemplos – e aqui fica a desculpa do blog por não citarmos outros times. Se você tiver outros exemplos, é só colocar nos comentários…

Por fim, foram citadas Copas em que a premiação é a o grande atrativo. Faz sentido. A Copa Kaiser virou alvo de desejo pela exposição que os times ganhavam. Mas os cartolas transformaram a montagem dos elencos em verdadeiros monstros, colocando dinheiro que não tinham para avançar cada vez mais longe na competição. Agora, poderão equilibrar as contas, indo atrás de vitórias que também podem gerar caixa para o clube.

Menos citados foram os torneios ''oficiais'', como os Jogos da Cidade, organizados pela Prefeitura, e o Amador da Federação, feito pela FPF.

E você: qual torneio gostaria de ver seu time disputando a partir de agora?


Tutu é campeão da Copa do Caldeirão do Iporanga
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O domingo foi dia de decisão e o Caldeirão do Iporanga mais uma vez ferveu. Com os dois times da casa em campo, o Tutu teve dificuldades no tempo normal, mas venceu o Ouro Preto nos pênaltis, por 5 a 4, e conquistou a 5ª Copa Caldeirão do Iporanga.

O resultado pode ser considerado uma surpresa. O Ouro Preto chegou à final depois de eliminar o destaque da competição, o Juventude do Porto. Já o Tutu passou pelas semifinais no sufoco, precisando dos pênaltis para derrotar o Unidos da Vila Marcelo. Ao seu lado, porém, o placar do último confronto: em 2012, pela Copa Kaiser, o Tutu venceu por 3 a 1.

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A partida começou com o Ouro Preto indo ao ataque logo aos três minutos. O volante Val tocou para o centroavante Maycon, que dominou quase caindo, mas chutou. A bola passou perto do travessão do goleiro Bebezão, do Tutu, e saiu em tiro de meta.

O Tutu chegou com perigo em uma cobrança de falta na lateral esquerda.  Vinicius cruzou e o centroavante Thiago subiu no meio da zaga e testou forte para o chão. O goleiro Ronaldinho, do Ouro Preto, fez grande defesa, salvando em cima da linha, sem rebote.

O gol do Tutu saiu aos 28 minutos, depois de uma grande jogada do volante Formiga. Ele roubou a bola no meio campo e fez ótima jogada individual, ligando o atacante Jeferson. Ele saiu do marcador e deixou o atacante Thiago sozinho. Ele bateu na saída do goleiro e abriu o placar da final: Tutu 1 x 0 Ouro Preto.

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O Ouro Preto quase conseguiu o empate no ataque seguinte. O meio-campista Paraíba recebeu lançamento na ponta direita, foi até a linha de fundo e cruzou. O jovem atacante Marcelo cabeceou e obrigou o goleiro Bebezão a fazer grande defesa.

O segundo gol do Tutu saiu de uma bobeira do goleiro Ronaldinho e da zaga do Ouro Preto. Ele tentou sair jogando, mas o atacante Thiago, mais rápido, roubou a bola. Com o goleirão batido, ele cruzou. O zagueiro poderia ter salvado a pele do arqueiro, mas chutou errado e a bola espirrou no peito do atacante Jeferson, artilheiro da competição, que aproveitou para empurrar para dentro, fazendo 2 a 0.

A vitória do Tutu parecia certa, mas o Ouro Preto estava longe de desistir da partida. No último lance do primeiro tempo, o atacante Fá recebeu lançamento na direita e bateu cruzado. O lateral direito Jonas chegou antes do goleiro Bebezão e, de bico, diminuiu o placar.

Foi a senha para que o time voltasse ligado no segundo tempo, em busca do empate. E ele quase aconteceu aos três minutos. Fá bateu escanteio e o Jonas, chegando de novo no ataque, subiu sozinho no meio da zaga. Ele desviou de cabeça e a bola passou perto da trave. O empate saiu aos 13 minutos. Paraíba recebeu na entrada da área e arriscou o chute. Foi feliz, pegou forte na bola e acertou o ângulo. Sem chances para o goleiro Bebezão.

Com o gol de empate, o Ouro Preto foi com tudo para tentar a virada, apostando nas bolas paradas. Aos 21 minutos, Paraíba colocou a bola na área, a zaga ficou parada e o goleiro Bebezão demorou a sair. Jonas, outra vez, testou forte, mandando a bola rente à trave. Aos 25, Fá cobrou, do bico da grande área, bem colocada, mas Bebezão fez linda defesa.

O jeito foi decidir o título nos penais. Deu Tutu, 5 a 4. Quando a série alternada terminou, as emoções afloraram em campo, com direito a choro do lado do Ouro Preto.

tiãoO texto foi feito pelo parceiro do Papo de Várzea Sebastião Vieira. Formado em jornalismo, ele aproveita os fins de semana para retratar o cenário do futebol de várzea de São Paulo. Escreve, também, para o Jornal É Nosso.

Voz do Terrão é o espaço que o Papo de Várzea oferece para que você conte a história do jogo que assistiu no fim de se semana. Você quer participar? Mande o relato pelo e-mail papodevarzea@gmail.com


O fim da Copa Kaiser: porque a cerveja saiu de campo
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A Copa Kaiser terminou. Ou melhor. Terminará no ano que vem. E pode anotar. Aos domingos, os varzeanos vão continuar dizendo que vão jogar a Kaiser, mesmo que o nome do campeonato seja outro. Em 1999, quando o patrocinador era a Antártica, foi assim, porque iria mudar agora? Em 20 anos, foram 17 edições.

A coisa pegou. Uma tradição foi criada. E é justamente aí que mora o grande vilão do torneio. Como se aprende nas aulas de marketing, todo patrocínio tem prazo de validade. Depois de um tempo, a marca fica invisível para o torcedor, justamente o cara que deveria ser afetado por ela. O logo nas camisas não diz mais nada.

Com a Copa Kaiser, foi assim. Entre os times, reclamações comuns viraram um problema para o patrocinador. Vai jogar longe de sua torcida? A culpa é da Kaiser. O campo é ruim? Culpa da Kaiser. Não conseguiu inscrever um jogador para a fase seguinte? Culpa da Kaiser. O jogador foi expulso? Culpa da Kaiser. A maioria dos jogadores e cartolas consegue, conscientemente, diferenciar a organização do campeonato da cerveja.

Mas as críticas constantes acabam entrando na cabeça do torcedor comum. E quando esse cara vai até o bar do campo, em dia de jogo, para tomar uma cerveja, invariavelmente repetia o discurso. Só tem cervejas da Heineken? É culpa da Kaiser. Aceitar uma marca diferente da que você bebe normalmente para prestigiar a empresa que está bancando a diversão do fim de semana? Nem pensar…

Em tempo: a Copa Kaiser não é um campeonato dos sonhos. A organização poderia ser mais clara em suas decisões e, principalmente, poderia se comunicar mais com os torcedores que fazem a festa. Esses problemas, porém, são comuns ao Campeonato Paulista, ao Brasileirão, à Libertadores… A maioria desses campeonatos profissionais tem patrocinadores e vendem naming rights (o direito de associar sua marca ao nome do torneio). Mas você já ouviu o torcedor comum comemorar que o time se classificou para a Bridgestone Libertadores?

No fim das contas, é uma decisão empresarial. Coloque-se no lugar da Heineken, a dona da marca Kaiser. Pense nas críticas. Você continuaria a patrocinar o campeonato?


Isso é várzea: qual o tamanho da pressão nessa disputa de pênaltis?
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Está vendo essa imagem aí em cima? Imagine que você é o batedor. Acha que aguentaria a pressão? Copiando o colega Giancarlo Giampietro, do blog de basquete Vinte Um, a opinião no QG do Papo de Várzea é que muita gente fingiria uma lesão para não precisar caminhar até a marca da cal…

Independentemente da coragem do batedor, a foto impressiona por mostrar a essência da várzea. O momento decisivo, de emoção, vivido por todo mundo que estava em campo. Incluindo os torcedores.

E preste atenção para alguns detalhes:

– Será que tinha juiz?

– A torcida envolve completamente a área de cobranças, incluindo a pinguela de madeira…

A foto foi uma reprodução do Varzeapedia, do amigo Diego Viñas, um dos maiores conhecedores do futebol de várzea de São Paulo. Foi originalmente publicada por  Naldinho Do Psa, ao dar detalhes sobre a ''arena'' em que o duelo aconteceu, o campo da Rua 50, em Santo Amaro. E, para quem estiver curioso: o EC Valério venceu o Almenara.


Bancário convida Beckham para jogar em seu time de várzea
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Você gostaria de ver David Beckham no seu time da várzea? Aposto que em nenhuma equipe você vai conseguir uma opinião unânime. O talento do inglês para bater na bola é indiscutível, mas você já imaginou o galã correndo em um terrão?

Pois o bancário Luiz Taraborelli, de 21 anos, teve coragem de fazer o convite para o jogador. A proposta veio em um evento do Facebook, com direito a autógrafos virtuais e sessão de perguntas e respostas dos usuários. ''Como ele se aposentou, quero saber se ele tem um horário vago aos domingos de manhã para jogar no meu time de várzea, o Lineu FC, que é de Osasco''.

Quem contou a história no UOL Esporte foi o parceiro Guilherme Costa, que avisa: se Beckham aceitar, o próprio Taraborelli terá um problema: vai precisar brigar com o astro por um lugar no time. ''Eu jogo na mesma posição e sempre me inspirei nele. No jeito de bater na bola e de cobrar faltas, principalmente''.

E você: se pudesse escolher qualquer jogador do mundo para fazer parte de seu time, que craque convidaria? E porque? As melhores respostas serão publicadas na sexta-feira, aqui no blog!

Confira o texto completo aqui: Fãs brasileiros pedem para Beckham treinar Palmeiras e jogar na várzea


O campo que virou metrô: conheça a história do Búfalo, da Vila Prudente
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Quando eu era criança, passava as férias na casa da minha avó, na Vila Prudente. Andando pelas ruas próximas, sempre ficava intrigado com o símbolo de um búfalo que aparecia em uma das fachadas. Achava que tinha algo a ver com carne, mas nada no prédio, além do próprio búfalo, lembrava um açougue…

O blog, porém, resolveu essa dúvida de infância. Há algumas semanas, recebi um e-mail do Alessandro Conti. Ele falava sobre um time da Vila Prudente fundado em 1952 e, quando assisti ao vídeo que ele indicou, lá estava o búfalo, o mesmo que eu lembrava com nitidez de detalhes. Para quem está curioso: búfalo era o nome de uma das marcas de papel da Companhia Industrial Paulista, empresa em que trabalhavam os fundadores do Búfalo. Uma curiosidade também chama atenção. O time nasceu com um campo, que ficava no terreno da própria empresa. O campo sumiu há muitos anos e, hoje, no mesmo local, fica a estação Vila Prudente do metrô.

Confira o vídeo com a história do Búfalo, o mais bem acabado que recebemos nesse ano:

 


Família várzea: dois jogadores colocaram filhos antes do futebol
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Para ser jogador de futebol, muitas você precisa abrir mão de muita coisa. Quem nunca ouviu relatos de que a família acaba em segundo plano? Ou já percebeu que mãe de jogador raramente faz o almoço de domingo para o filho?

Na várzea você encontra o outro lado dessa moeda. Jogadores que tinham a oportunidade de viver da bola, mas fizeram a opção consciente pela bola. Dois deles foram campeões da Copa Kaiser, o principal torneio de futebol amador de São Paulo, em 2013.

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O primeiro deles é o lateral Caio Vilela. Até o ano passado, ele era jogador do Sertãozinho. Jogou até o Campeonato Paulista. Quem o vê em campo percebe que ele poderia estar jogando torneios profissionais. Mas acabou desistindo e encontrou lugar no Leões da Geolândia, da zona norte da capital paulista.

“Foi uma decisão pessoal. Acabei me separando e, se fosse continuar essa vida de viagens, iria ficar longe do meu filho. Decidi parar, para ficar mais perto”, conta o jogador, sem arrependimentos. Hoje, um ano depois, ele está fazendo faculdade de administração.

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O meia Bruno, também do Leões da Geolândia, tem outra história, mas também ligada à família. Ele jogou nas categorias de base de grandes times de São Paulo. Mas, quando fez 18 anos, sua namorada ficou grávida. “Não tinha jeito. Com o futebol eu não iria conseguir sustentar a família. Parei e encontrei um emprego. Não me arrependo”, diz o jogador, um dos responsáveis pelo título do Leões da Geolândia. Foi dele, por exemplo, o passe para o atacante Capetinha marcar o gol da equipe na final da Copa Kaiser.

 


Pelé também é várzea: veja curiosidades sobre o Rei no terrão
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Você sabia que Pelé foi até a redação da Playboy para resgatar os negativos de um ensaio da loira quando os dois namoravam? Ou que o nome Edson é um erro de digitação quando o pai, Dondinho, foi registrar o filho?

Pois saiba que além dessas histórias, o Rei do Futebol também tem uma ligação muito grande com a várzea. E histórias muito parecidas com aquelas que vemos, a cada fim de semana, nos campos de terra batida…

Pelé já recebeu para jogar por time amador

Ele ganhou 4.500 réis para jogar pelo Ipiranguinha, time de pelada de Bauru, quando tinha dez anos. Alguém ai contrataria?

Vendeu amendoim para comprar uniforme

Também quando tinha dez anos, Pelé montou próprio time, em Bauru. O 7 de Setembro. Para comprar uniformes, ele e os amigos roubaram amendoins de vagões de trem e venderam na praça da cidade. Mais ou menos como as rifas que os times fazem até hoje, certo?

O time do Zé Leite

O primeiro título foi em 1952, no Campeonato Infantil de Bauru. Ele jogou no Ameriquinha, fundado por um vendedor ambulante chamado Zé Leite.

Agora, confira o álbum completo, com todas as curiosidades: