Papo de Varzea

Jogador infiltrado: varzeano também aproveita a sobra das marias-chuteiras do profissional
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Varzeanos do Brasil e do mundo: desde que o mundo é mundo eu ouço muita gente, dentro e fora de campo, falar que sexo antes do jogo é proibido. “O jogador se cansa”, “pode causar alguma lesão” e outras desculpas do gênero. Mas, falando a verdade: nem no profissional, muito menos na várzea!

Vai explicar pro meu zagueiro que não pode chegar na preta um dia antes do jogo pra ver o que acontece… E, na boa, isso não existe. Muitos defendem que dá até uma relaxada. O cara joga mais solto. O pessoal chega até a marcar festinha na noite anterior e vai direto para o jogo. Todo mundo na maior animação.

Isso faz parte do futebol. Você acha que o cara vai deixar de ir a um churrasco, ir a uma festa, curtir a noite porque tem que se preservar pro futebol? Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Muitos times nem mesmo treinam durante a semana. O pessoal trabalha a semana toda para aproveitar o final de semana. Tirar aquele lazer com os amigos ou com família seria um crime. Às vezes, rolam algumas festas privadas, daquelas que patroa nenhuma fica sabendo. São essas que garantem a melhor resenha no vestiário, a tiração de sarro e muitos dos apelidos da ultima coluna.

Não dá para esquecer, também, que alguns abusam. Aí, realmente, fica complicado. Mas, responda a uma pergunta simples: sair no meio da balada vale? Não dá, né… E tem outra: quem é da várzea com certeza já jogou com jogador profissional – nem que seja nas categorias de base. E quem não jogou conhece uma estrelinha ou outra. Assim, fica fácil entrar na bota dos caras. E, muitas vezes, você até fica com alguma sobra dos irmãos. O que rola de maria-chuteira atrás não é mole. É só dizer que você é jogador também para ganhar fácil.

Uma vez, saí com um brother que estava jogando em um time de ponta do Brasil. Éramos uns oito caras e entramos na faixa, na cola dele. Bebemos de graça. E todo mundo perguntava: “Quem é você? Joga aonde?”. Você percebia as meninas crescendo o olho com quem falava que era jogador de futebol. Claro que elas não faziam ideia de quem era realmente o jogador famoso. Então, todo mundo saiu ganhando da noitada. Entramos, bebemos e marcamos… Sem contar a resenha da conquista no fim da madrugada. Afinal, “ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão”.

 

Quando o UOL Esporte mergulhou no futebol de várzea, viu que as pessoas eram atenciosas, mas evitavam alguns assuntos. Quanto os jogadores ganham? Como é a relação jogador/treinador? Torcida tem poder? Para responder a tudo isso, o Papo de Várzea encontrou um espião. Ele é um veterano do futebol amador que aceitou contar  os segredos do futebol amador. A cada mês, um tema novo!

Veja o que já foi publicado:

Na várzea, salário vem em envelope. E você não pode abrir no vestiário

Torcida faz festa, mas pode expulsar jogador antes de chegar ao vestiário

Várzea e apelidos. Não tem essa de politicamente correto


Voz do Terrão: Jaçanã ganha do Nove de Julho e dá passo importante rumo à próxima fase
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UOL Esporte

No domingo foi realizada a segunda rodada da terceira fase da Copa Kaiser. Em jogo válido pelo grupo N-15, no campo do Flamengo da Vila Maria, o Jaçanã venceu o Nove de Julho, da Casa Verde, por 2 a 1. O campo estava cheio de lama, dificultando as grandes jogadas. O jeito era ir na força e na vontade. A comunidade, mesmo com o tempo ruim, compareceu em peso e lotou o campo.

A primeira etapa começou com o Nove de Julho indo buscar o resultado. O time perdeu o jogo de estreia da terceira fase e precisava se reabilitar. Logo no primeiro ataque, levou perigo. Aos três minutos, Ferradura lançou Ieiel, que dominou com estilo e foi para a linha de fundo. No cruzamento, Willian fez o corta luz e a bola sobrou limpa para Valter bater de primeira. Para fora.

Aos 27 minutos, saiu o gol do Jaçanã. Thiago começou a jogada no meio campo e tocou  para Fernandinho na esquerda. Ele achou Kécio, que, sem marcação, arriscou no gol. O goleiro Dione, do Nove de Julho, aceitou. A bola pingou na poça d’água e subiu, caindo dentro do gol.

Depois de tomar o gol, o Pitbull da Casa Verde continuou no ataque. Aos 31, Willian bateu tiro de canto e o atacante Zé brigou pelo alto com a zaga. A pelota sobrou para Valter bater rasteiro. O goleiro João fez grande defesa, espalmando para escanteio. Antes de sair, a bola ainda tocou no pé da trave.

Aos 33, o Jaçanã achou um contra-ataque. Roubou a bola no meio campo e saiu em disparada. A defesa do Nove estava aberta. O Jaçanã perdeu a chance de ampliar: na hora de bater no gol, o zagueirão se recuperou e deu um  toque, colocando para escanteio. Já nos acréscimos, aos 38 minutos, Renato começou a jogada pelo meio campo e tocou para Zé, que só escorou. Os zagueiros do Jaçanã bateram cabeça e a bola sobrou limpa para Ieiel. Quando ia bater no gol, sofreu o pênalti. Valter tirou do goleiro e empatou a partida em 1 a 1.

Na volta para a etapa complementar, a equipe do Nove de Julho continua em cima. Aos quatro minutos cravados, Valtinho lançou Ieiel. Ele ganhou na corrida da zaga e o goleiro João saiu rápido, nos pés do atacante, e fez a defesa. Outro bom ataque da equipe da Casa Verde foi aos seis minutos, com o sempre perigoso Ieiel. Ele tocou para Willian. Mesmo sem ângulo, ele arriscou o chute. A bola ia na gaveta, mas o goleiro do Jaçanã colocou para escanteio.

O gol da virada quase veio na sequência. Valtinho bateu falta do meio da rua e  o goleiro João fez boa defesa. No rebote, o zagueiro Willian entrou para a galeria do Inacreditável Futebol Clube. Dentro da pequena área, sem goleiro, ele chutou forte, mas para fora. Perdeu a grande chance de virar a partida.

O problema é que, no futebol, quem não faz… O Jaçanã, que ainda não tinha ido ao ataque, resolveu colocar lenha no motor da locomotiva (o apelido do time é Trem das Onze, em referência à canção de Adoniran Barbosa). João bateu tiro de meta e a zaga do Pitbull falhou.  Camarão dominou e bateu forte, em direção ao ângulo. O goleiro Dione foi buscar e tirou para escanteio. Na cobrança, Fernandinho mandou na área e a zaga do Nove ficou parada. André Góes subiu e testou firme, pra fazer o segundo do Jaçanã.

Foi um balde de água fria no adversário, que estava bem na partida. Seguiu o jogo e, aos 22 minutos, em bola parada o Nove ameaçou. Valtinho bateu a falta e o zagueiro Luizão subiu alto e testou no canto. O goleiro João tocou para escanteio. Grande defesa. A equipe do Jaçanã ficou atrás, se segurando, saindo apenas no contra-ataque. Butina recebeu bom lançamento e, sozinho, bateu na saída do goleiro Dione. A bola explodiu no travessão e saiu em tiro de meta, perdendo a chance de matar a partida.

Nos minutos finais, a equipe da Casa Verde ainda tentou o gol de empate. Valtinho bateu falta de longe e novamente o iluminado goleiro João (escolhido craque do jogo) espalmou para fora, evitando o empate.

O Trem das Onze não atropelou o Pitbull. Mas o cachorrão saiu com a pata machucada. Com duas derrotas, a equipe do Nove de Julho ainda sonha com a classificação no grupo N-15 por índice técnico. Na ultima rodada, vai encarar a equipe do Apache (que tem quatro pontos e joga pelo empate simples para passar de fase). O Jaçanã, com quatro pontos, encara o Líder Madeiras, que tem três – um empate garante as duas equipes na próxima fase.

O texto foi feito pelo parceiro do blog Eduardo Lima. Segurança, ele faz questão de correr pelos campos aos fins de semana atrás das melhores partidas.

Este é o “Voz do Terrão”. É o espaço que o Papo de Várzea oferece para que você conte a história do jogo que assistiu no fim de se semana. Você quer participar? Mande o relato pelo e-mail papodevarzea@gmail.com


Voz do Terrão: Flamengo vence o Vasco. Mas no clássico da várzea da Zona Norte de SP
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O domingo foi um dia de muita emoção no campo do Benfica. O Flamengo/Vila Maria venceu o Vasco da Gama/Vila Galvão por 1 a 0, pelo grupo N-17 da Copa Kaiser. O outro jogo do grupo foi no campo do Magnólia, com vitória do Inter Biricutico/Jardim São Luiz sobre a Mocidade Cabuçu/Jardim Elisa Maria.

O jogo começou às 13h25 no campo Benfica, da Vila Maria, que estava completamente cheio de lama e poças de água. Aos seis minutos, o Flamengo chegou com perigo. Jefferson partiu pelo meio e tocou para Sergio Felipe, que chutou forte. Com a bola molhada, o goleiro bateu roupa e a defesa salvou, tocando para a linha lateral. Outro bom lance no primeiro tempo foi com Sergio Felipe: aos 11minutos, ele cruzou da linha de fundo na cabeça de Eduardo, que tocou de raspão para fora.

Bem armado, o Vascão se defendeu e procurou sair para o jogo nos momentos certos. Com 20 minutos de jogo, encontrou uma brecha. Mateus arriscou de fora da área e mandou uma bomba. A bola explodiu em cima da defesa.  Aos 33 minutos, o time teve uma falta frontal. Na cobrança, Adriano cobrou com eficiência, no ângulo. O goleiro se esticou para fazer a defesa.

As duas equipes voltaram para o segundo tempo abusando das jogadas mais fortes. Além disso, alguns jogadores sentiram o campo pesado e foram substituídos. O Flamengo foi para a segunda etapa fechado, explorando os contra-ataques com jogadas altas.

E foi assim que surgiu o gol da vitória. Aos 14 minutos, Eberton sofreu falta. Sérgio cobrou colocado no canto direito. O goleiro espalmou e, na sobra, o próprio Eberton empurrou de cabeça para o fundo do gol, fazendo Flamengo 1 a 0.

O Vasco quase empatou aos 20 minutos, com falta de Renato, cobrada com violência. Aos 26, Adriano tabelou Eduardo e mandou uma pedrada. A bola tinha endereço certo, mas pegou na defesa.

O Vasco lutou, mas não conseguiu o empate. Quem quase fez, aos 34 minutos, foi o Flamengo. Eberton achou espaço e chutou forte. Wesley, livre, passou da bola. O Flamengo venceu por 1 a 0 e ainda teve o melhor jogador da partida: Eberton.

O texto foi feito pelo parceiro do Papo de Várzea Sebastião Vieira. Formado em jornalismo, ele aproveita os fins de semana para retratar o cenário do futebol de várzea de São Paulo.

Voz do Terrão é o espaço que o Papo de Várzea oferece para que você conte a história do jogo que assistiu no fim de se semana. Você quer participar? Mande o relato pelo e-mail papodevarzea@gmail.com


Voz do Terrão: Com campo encharcado, Apache vence Líder Madeiras por 1 a 0
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O domingo foi dia de grande jogo pela segunda rodada da terceira fase da Copa Kaiser 2013: no Benfica, da Vila Maria, o Apache/Vila Maria venceu o Líder Madeiras/Brás por 1 a 0 – no outro jogo do grupo, o Jaçanã venceu o Nove de Julho por 2 a 1.

A torcida fez a festa e os jogadores fizeram o espetáculo. É a receita do país do futebol: depois de uma semana de trabalho, o fim de semana se preenche nos campos. O futebol é um lazer e a semente da várzea segue plantando bons frutos entre os profissionais.

A bola rolou no campo totalmente encharcado, com lama e poças d’água. Emoção e jogadas de técnicas e criatividade não faltaram, mas, com o campo ruim, o jogo ficou duro e embolado, dificultando o toque de bola.

O Líder Madeiras foi melhor no primeiro tempo. Na segunda etapa, não repetiu o mesmo ritmo e acabou dominado pelo Apache, que organizou seu meio-campo e encontrou um gol, selando a vitória por 1 a 0.

O jogo

O Líder teve uma boa chance de gol aos 20 minutos do primeiro tempo. Joserlan “Forró” foi derrubado próximo à grande área, mas Marcos “Feijão” cobrou na barreira com força. A bola foi parar na Vila Maria… Aos 25, Alan recebeu na linha de fundo e cruzou para Eder, que subiu e não alcançou. Aos 27, em falta frontal, perto da meia lua da grande área, Diego Santana colocou na gaveta. Atento, o goleiro Daniel “Gambá”, do Apache, defendeu.

O Apache também levou perigo: Diego “Mendigo”, com habilidade, saiu do marcador e tocou para Emerson, de frente para o gol. Ele mandou uma bomba, mas a bola foi por cima do travessão. O relógio marcava 29 minutos. Aos 32, outra excelente oportunidade. Daniel tabelou com Evaldo, que girou e chutou rasteiro, colocado. O goleiro Talles, do Líder, encaixou.

No intervalo, as comissões técnicas conversaram com seus jogadores em cenários diferentes. O Líder se reuniu no vestiário. Já o Apache foi para o lado do campo. A bronca no terrão foi maior e deu resultado.

Mais atento, o Apache chegou aos seis minutos. Alessandro “Alemão” deu um chutão e, da sua área, encontrou Luquinha, livre. O atacante não alcançou. Aos 18 minutos, numa jogada ensaiada, Evaldo tocou para Daniel, que escorou para Silas. Novamente, o atacante não aproveitou: a bola passou entre ele e o goleiro e saiu.

O Líder achou uma bela jogada aos 14 minutos. Marcos Paulo invadiu a grande área e tocou na medida para Gilson colocar no fundo da rede. A arbitragem marcou impedimento, contestado pela torcida. Aos 20, José Jacson sofreu falta na posição ideal para o bom batedor. Ele mesmo ajeitou e bateu por cima da barreira, rente ao travessão.

O Apache voltou ao ataque aos 30 minutos. Silas sofreu falta, próximo à grande área. Na cobrança, Alessandro “Alemão” tocou sobre a barreira e Luquinha chegou antes do goleiro e desviou para o gol. Apache 1 a 0.

O melhor jogador em campo foi Diego “Mendigo”, do Apache, que fez por merecer.

O texto foi feito pelo parceiro do Papo de Várzea Sebastião Vieira. Formado em jornalismo, ele aproveita os fins de semana para retratar o cenário do futebol de várzea de São Paulo.

Voz do Terrão é o espaço que o Papo de Várzea oferece para que você conte a história do jogo que assistiu no fim de se semana. Você quer participar? Mande o relato pelo e-mail papodevarzea@gmail.com


Jaçanã conta com duas falhas do goleiro para bater o Nove de Julho
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O Jaçanã venceu o Nove de Julho, da Casa Verde, no último domingo, em um jogo sui generis. Com muita lama, o campo do Flamengo, na Vila Maria, tinha poucas condições para abrigar a partida e os jogadores sofreram. No único gol do Nove, por exemplo, os jogadores precisaram retirar água com as mãos para que a marca do pênalti pudesse receber a bola…

Pior para o goleirão do Nove, que falhou nos dois gols: no primeiro, a bola quicou na sua frente, no segundo, saiu errado. E o time ainda perdeu um gol feito, em cima da linha. Veja a crônica:

 


Várzea é assim: enquanto craques de Itália x Uruguai jogavam na Fonte Nova, craques do terrão encaravam a lama em SP
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Futebol de várzea é para os fortes. Quer a prova? Neste domingo, a decisão do terceiro lugar da Copa das Confederações não afastou jogadores e torcedores dos campos de terra. Nem mesmo a lama, criada pelas fortes chuvas durante a manhã em São Paulo, prejudicaram o jogo. A rodada da Copa Kaiser, a principal competição de futebol amador da cidade, por exemplo, foi cheia, com muita emoção.

A comparação com o torneio da Fifa é inevitável. Enquanto os craques de Itália e Uruguai corriam no gramado da Fonte Nova, em Salvador, com calor escaldante, os craques dos terrões desviavam de poças d'água e muita lama para lutar pela classificação. As imagens mostram bastante sobre a dificuldade que os jogadores enfrentaram.

O resumo da rodada você pode conferir aqui: Chuva atrapalha e só sete times garantem classificação antecipada


Fragmentos da Varzea – Voluntário monta tabela e ainda ajuda no campo na Brasilândia
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Douglas Lellis, morador da região da Brasilândia, aparece no Agostinho Vieira, na Zona Norte, todo sábado e domingo. Ajuda a cuidar do campo e leva sempre a tabela de jogos do fim de semana.

 

Mais importante, porém, ele lembra de uma luta das pessoas que moram por lá: a manutenção do espaço, que deve ser demolido para a construção de um terminal de ônibus, anexo a uma nova estação de metrô.

Em 2012, o UOL Esporte falou do assunto na matéria ''Três anos após reforma de R$ 200 mil, campo de várzea na Brasilândia deve ser demolido por metrô'':

Em 2009, a prefeitura de São Paulo reformou o CDC Augustinho Vieira, na Vila Brasilândia. O campo de várzea, um dos mais conhecidos da região, ganhou novas arquibancadas, abrigando agora 1500 pessoas. Pouco antes, já tinham sido construídas torres de iluminação, o campo ganhou grades e os vestiários foram refeitos. Em cinco anos, o local recebeu aproximadamente R$ 200 mil em investimentos públicos. Mesmo assim, será demolido.

O clube da comunidade (da sigla CDC) dará lugar a um terminal de ônibus. A obra faz parte do projeto da estação Vila Cardoso, da Linha 6 do metrô, prevista para 2016 e que ligará a região da Brasilândia, na zona norte, ao centro da cidade. No total, 406 imóveis serão desapropriados ao longo da linha. Segundo os responsáveis pelo campo, as obras começam já no segundo semestre de 2013, dando pouco menos de um ano de vida útil para o campo de várzea.

O texto completo está aqui: http://uol.com/bdcJl7