Sem técnico, jogador convoca irmã para o banco e time acaba classificado
UOL Esporte
O técnico não vai aparecer. Quem você convoca para comandar seu time no próximo jogo, que vale classificação? Aposto que a resposta que o pessoal do Inter Biricutico, do Jardim São Luiz, é bem diferente daquela que muita gente poderia dar.
Na semana passada, na hora do jogo, o responsável pela equipe, Lauri Afonso, estava nos Estados Unidos. A viagem era a trabalho e não poderia ser cancelada. A equipe não tinha um treinador para enfrentar a Mocidade Cabuçu, do Jardim Maria Elisa. E o jogo era importante: uma vitória daria ao time a vaga na próxima fase da Copa Kaiser, o torneio mais importante do Inter no ano.
Foi então que o atacante Tom, que já teve uma passagem pelo futebol profissional, resolveu fazer uma aposta: colocou a irmã como técnica. A garota em questão era Bruna Luize Monteiro, que sempre acompanha o irmão nos campos, mas nunca tinha ficado no banco de reservas. Deu certo: o 1 a 0 (com gol de Tom) valeu a vaga. E uma história para contar.
“O técnico iria faltar ao jogo. Na partida passada, meu irmão tinha ficado como técnico, mas como ele é um dos jogadores, não poderia fazer novamente. Então, acabei sendo a escolhida”, diz a técnica – que mandou só fotos do time para ilustrar esse post: ''Sou tímida. Nem na foto do time eu apareci''. “Eu já conhecia os jogadores, são todos amigos. Então, todos respeitaram e atenderam todos os pedidos que fiz em campo. Foi uma pena ter chovido. Mas quem foi ao Magnólia viu um bom jogo”.
Bruna, porém, não teve carta branca durante os 70 minutos (na Copa Kaiser, as partidas têm dois tempos de 35 minutos). Ela e o irmão conversaram muito antes do jogo e programaram substituições e mudanças táticas que poderiam ser feitas. Nada que diminuísse, porém, a autoridade.
O caso do Inter não é único na Copa Kaiser. O Botafogo do Jaçanã, que foi eliminado na segunda fase, também apostou no poder feminino no torneio: a técnica é Eloá, a Nega, assumiu a função quando seu pai, Miltinho, morreu. ''Ela entende bastante de futebol e todos a respeitam por isso. Ela sabe mostrar quem manda. Ter mulheres no comando é normal para a gente. Só sentimos diferença mesmo na hora de se trocar no vestiário. E quando ficamos bravos. Por educação, às vezes temos que maneirar nos palavrões e na agressividade ao reclamar'', diz Vitor, zagueiro e capitão do time.