Teto de gastos na várzea. É possível?
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A Série A da Copa Kaiser é a menina dos olhos de todo varzeano. Todos querem uma vaga em um dos times que disputam a “Copa do Mundo da Várzea” – como todo mundo que participa gosta de chamar. Mas muita gente esquece que, para aproveitar o filé, é preciso dar duro nos terrões.
E esse “dar duro” atende pelo nome de Série B. É um campeonato pegado, tão disputado quanto e que vale acesso para a elite do futebol amador paulistano – no ano passado, o título ficou com o Unidos de Pacarana (na foto). Nesta semana, a Evidência, que organiza a competição, fez o sorteio dos grupos.
O torneio começa no dia 5 de maio, com 192 equipes. Deste grupo, a maioria já está definido. Os últimos 48 times chegam da Série A de 2013. São os participantes eliminados logo na primeira etapa do campeonato. A Série B vale 48 vagas na elite (o mesmo número de rebaixados após a primeira etapa) e rebaixa outras 40 equipes. Esses rebaixados só voltam à Copa Kaiser se passarem pelos torneios seletivos.
Quer ver os grupos? Entre no site da Copa Kaiser.
Tags : copa kaiser copa kaiser 2013 série b
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Quando Ricardo Teixeira deixou a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) você achou que ele já estava há tempo demais no comando? Pois saiba que os 23 anos do cartola são fichinha perto do que seu Américo, do XI Garotos do Piqueri, tem para mostrar. Ele ocupou, oficialmente, o cargo por 53 anos.
Já com a mobilidade prejudicada, andando com muletas, ele vai diariamente à sede do clube, na Marginal do Tietê. Não é mais presidente de fato, mas ainda é o responsável pela maior parte das decisões do clube – que completou, há alguns dias, seu 56º aniversário.
Veja algumas das histórias:
Tomada de poder
O XI Garotos nasceu em 57, nas ruas do Piqueri. Era um grupo de amigos que resolveu montar um time. História comum, uma entre centenas na várzea de São Paulo. A história começou a mudar em 1960. Três anos depois da fundação, seu Américo chegou ao clube. Logo, assumiu a diretoria social. E veio a tomada do poder:
“Era hora de fazer eleição. As diretorias estavam estabelecidas. E alguns amigos me ligaram para montar uma chapa de oposição, para derrubar os antigos. Eu até tentei dizer que não entendia nada de política, mas me convenceram. Já são mais de 50 anos”.
A ideia, porém, era ficar pouco tempo. “O antigo presidente aproveitou que tinha saído para marcar casamento. A cerimônia foi em Águas de Lindóia. Quando ele voltou, a gente estava com tudo. Não deixamos ele voltar”, lembra.
O campo da marginal
Um dos orgulhos do clube é o campo, na Marginal do Tietê, que hoje conta com vestiários, bar, alambrado, cobertura… A estrutura tem pouco mais de três anos. Mas ainda é inferior à de 16 anos atrás. Na época, o campo do XI Garotos ocupava um terreno onde hoje estão prédios do Cingapura, o programa de moradias populares que marcou a gestão Maluf na prefeitura.
“Nosso campo era muito bonito, bem estruturado, mas a prefeitura exigiu o terreno. Mas cedeu esse outro. Era menor, mas prometeram montar a mesma estrutura. Só que ficou na promessa”, diz o veterano.
Por dez anos, o time contava apenas com o campo – que, aliás, era pequeno, mas foi aumentando com o tempo: “A gente derrubava o muro e pegava uns metrinhos a mais, até chegar ao tamanho de hoje”. Os vestiários eram contêineres, cedidos pela prefeitura. “Mas você imagina. Contêiner, de ferro, enferruja. No final, já tinha gente tomando banho sem assoalho”.
A reforma foi feita em 2010, após uma verdadeira batalha jurídica. “Há cinco anos, a Secretaria Municipal de Esportes apresentou um projeto. Iriam investir R% 140 mil na construção dos vestiários, dos banheiros, na reforma dos alambrados. Mas a regional de Pirituba entrou no meio. O projeto estava pronto, mas a regional bateu o pé. Disse que ninguém iria fazer nada. Uma hora depois, chegou a polícia com uma ordem de despejo”.
A solução foi dada por um vereador da região. Ele conseguiu oficializar o local como campo de rodízio e a reforma foi aprovada.
A cobertura de ferro velho
A única coisa que estava faltando era uma cobertura para a área externa do bar e dos vestiários. E a saída veio do ferro-velho.
“Seu Américo veio falar comigo: ‘Ari, precisamos cobrir. Você acha que dá para fazer?’ Eu tenho 30 anos de XI Garotos. Falei que sim. E fomos atrás do material. Tudo veio do ferro-velho. Todo sábado eu aparecia e fazia uma parte do trabalho”, conta Ariovaldo Esgay.
Foram 12 sábados cortando o ferro para a estrutura. Mais três para colocar as telhas. Sempre ao lado de Serjão Rodrigues. O próximo passo é cobrir uma segunda área, onde será construída a churrasqueira. “São poucos os clubes de várzea que tem essa estrutura. É um orgulho dar essa moral para quem jogar”, comemora Serjão.
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Como ainda não conseguiu fechar com nenhum patrocinador para a disputa da Copa Kaiser, o Juventus da Liberdade resolveu promover uma ação social no seu uniforme. O time do Glicério, região central de São Paulo, estampou nas costas da sua camisa a inscrição “Doe sangue”.
“Já que ainda estamos buscando anunciante, os jogadores deram a ideia de fazermos uma campanha para doação de sangue. A ideia é muito boa, pois vai ajudar quem precisa”, afirmou Lúcio Antônio Sena, presidente do Juventus.
De acordo com o dirigente, os jogadores deverão dar exemplo para os torcedores. “Eles estão combinando de doar sangue. Quanto mais gente doar melhor. Estão sempre precisando de sangue nos hospitais. Que a gente consiga ajudar fazendo essa campanha na camisa”, disse Lúcio.
Dentro de campo, o Juventus da Liberdade também vai ter que “dar sangue”. Semifinalista na Copa Kaiser do ano passado – logo em seu primeiro ano na elite da competição -, a equipe tropeçou na estreia deste ano ao perder por 2 a 1 para o Jardim Brasil, no último dia 24, pelo grupo 6 da Zona Norte. A reabilitação precisa acontecer contra o Vigor, do Pari, no próximo dia 14.
Fotos de Milton Flores/UOL
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Anderson Domingues é um dos artilheiros da Copa Kaiser. Na estreia do Colorado, da Cidade Castro Alves, ele marcou duas vezes e foi o grande responsável pela vitória sobre o favorito Carrão por 2 a 0. Quem viu o atacante correndo pelo campo na primeira rodada do torneio, porém, não imagina que, há alguns anos, ele estava aposentado do futebol.
“Eu já estou na minha 12ª Copa Kaiser. Já joguei por muito time. E até técnico eu fui, por dois anos. Achava que não dava mais para correr com a meninada”, fala o jogador de 37 anos. “Mas se você usa sua experiência e treina com seriedade, dá para jogar”.
Um pouco acima do peso, ele voltou a vestir a camisa 9 da equipe há pouco tempo. “Fizemos algumas campanhas ruins, caímos para a Série B. Mas no ano passado, montamos uma equipe boa e, principalmente, uma comissão técnica com qualidade. Por isso, voltei a jogar. Foi a decisão correta”, completa.
O atacante faz parte do elenco do Colorado desde 2004, quando o time foi fundado. “É o time do coração, da comunidade em que nasci. Estou com eles desde que era uma equipe de futebol de areia”.
O próximo desafio de Anderson e do Colorado é o Botafogo da Vila Talarico, no próximo domingo, às 11h30, no campo do Flor da Vila Formosa – veja aqui a classificação e aqui a tabela do grupo L-12.