Papo de Varzea

Voz do Terrão: Bafômetro, de Heliópolis, quebra a invencibilidade da Ponte Preta do Jardim Leme

UOL Esporte

Na sexta-feira, dia 19 de julho, foi comemorado o dia do futebol. Você sabia? Mas, cá pra nós, dia de futebol, mesmo, é domingo. A rodada da série A da Copa Kaiser teve 18 jogos e uma média de 2,6 gols por jogo para provar isso. No CDC Parque Dorotéia, o Bafômetro , de Heliópolis, fez 2 a 1 na até então invicta Ponte Preta, do Jardim Leme.

Sem perder há dez jogos, a jovem equipe da Ponte tinha o desfalque do volante Alessandro Alves, mas contava com artilheiro da equipe, Fernando Nandinho, com seis gols. A última vitória na competição foi em cima do Cantareira, também de Heliópolis, por 1 a 0.  Já o Bafômetro vinha de derrota por 2 a 0 para o Pioneer/Vila Guacuri e tinha a obrigação de ganhar para sonhar com a vaga. O destaque do time é Luiz Felipe, o “Lipe”, garoto, habilidoso e artilheiro. A torcida da Ponte compareceu e fez seu barulho com a batucada e as criativas faixas do mano Bruxo. A torcida azul e branca do Bafômetro também se fez presente para apoiar seus jogadores.

Nos dez primeiros minutos, os times se estudavam e os chutes não tiveram muito perigo. A disputa no campo era nervosa, mas leal. Aos 11 minutos, Nandinho cruzou uma bola na cabeça de Guilherme, que mandou para fora. Aos poucos, os times foram se soltando e a Macaca fez muita pressão, principalmente com chutes de Renan, Cris Roberto e Michel Maicon.

Aos 23 minutos, Cris Roberto cruzou e Nandinho escolheu o canto e, de olhos abertos, cabeceou. A bola foi em direção ao ângulo, mas saiu. Pura sorte do goleiro Junior. Em seguida, o Bafômetro teve um escanteio cobrado por Anderson. A bola fez uma curva e quase entrou. Aos 25 minutos, o camisa 10 da Ponte, Cris Roberto, arriscou de fora da área. Pegou com força e de bico. O goleiro Junior salvou em cima da linha.

O jogo começou a ficar mais pegado e o árbitro Marcelo de Jesus passou a marcar muitas faltas. Nesse momento, a Ponte estava com maior volume de jogo e aos 29, Cris Roberto cobrou falta de longe. A bola viajou e beliscou o travessão. Aos 31 minutos, o árbitro expulsou o técnico Elvis Ricardo, da Ponte Preta. Perguntado sobre a razão da expulsão, o juiz disse que “reclamou de uma cobrança de lateral e me xingou”. “Ele me mandou tomar naquele lugar. Tive que pedir pra ele se retirar”. Já o técnico Elvis saiu inconformado: “ Vão se f… Juiz ruim do c… Vocês cobram um monte de coisa da gente. Ele está invertendo um monte de falta. Toda hora. E ainda vem me expulsar, pelo amor de Deus”.

Depois disso, nos acréscimos, aos 37 minutos (os jogos da Copa Kaiser são 35×35), saiu o gol do Bafômetro. Lipe saiu em velocidade pela lateral esquerda, deixou Marcelo Biliquinha para trás, penetrou na grande área, passou pelo zagueiro Rodrigo e tocou rasteiro na saída do goleiro Diogão. Foi seu oitavo gol na competição. Lipe, eleito depois o melhor em campo, correu para o alambrado em festa e ofereceu o gol para o seu amigo de apelido, Bozó.

No primeiro tempo, a Ponte criou várias oportunidades, mas foi afobada e pecou nas finalizações. O Bafômetro, se segurando como pôde, conseguiu em uma jogada individual abrir a vantagem. Os técnicos mexeram nos times para o segundo tempo. Nego Di, do Bafômetro, tirou o zagueiro Maurinho e o lateral Lê, colocando Edglay e Igor.

Já a Macaca colocou mais um meia, Diego Reis no lugar do volante Michel Maicon, para tentar a virada. O jogo caminhava forte, mas normal, até os 12 minutos, quando aconteceu o lance mais polêmico da partida. Em bola alçada, aconteceu uma confusão  na área. Na sobra, Guilherme mandou na direção das redes, de cabeça. O zagueiro Denilson evitou o gol com o braço. O juiz e o bandeira Vitor Carmona, porém, não definiram imediatamente a marcação. Havia dúvida se estava marcado o pênalti ou a falta de ataque. Os jogadores de ambas as equipes cercaram o trio de arbitragem e começaram a pressionar. Segundo o assistente Vitor Carmona, o lance foi rápido: “Já estou no meu sétimo ano de Copa Kaiser, sei da responsabilidade que é, com as duas equipes envolvidas na fase final. Minha função é auxiliar o árbitro. No ângulo em que estava, tive a convicção do lance. A bola ia entrando e o zagueiro levantou a mão, evitando o gol da Ponte Preta. Não poderia me omitir naquele momento e sinalizei a irregularidade”.

Nesse ínterim, a partida ficou parada por nove minutos, mas o pênalti foi batido. Cris Roberto cobrou forte, empatou e colocou fogo no certame. Mas, na saída de bola, o time de Heliópolis atacou e conseguiu arrancar um escanteio.  Na cobrança, houve um bate e rebate na área e o oportunista Rodrigo Goiaba tocou para dentro do gol, colocando seu time novamente na frente. Os jogadores da Ponte reclamaram de impedimento, mas o jogo prosseguiu.

O templo nublava e voltava a ficar bom, no céu e no campo. A Ponte ainda quase chegou aoa empate. Marcelo Biliquinha cruzou na zona do agrião e Diego Reis, livre de marcação, sem deixar cair, chutou e a bola saiu por cima, tirando tinta do travessão. O juiz deu 10 minutos de acréscimos, mas o time do Bafômetro soube suportar a pressão.

Ao final da partida, Nandinho lamentou: “A gente ficou muito focado na arbitragem e isso nos atrapalhou. Sentimos a pressão de ter que virar e hoje não foi um dia bom. Felizmente, ainda temos chances de ganhar essa vaga. Sabemos que é difícil, mas temos chances. Contra o Pioneer, vai ser o jogo do ano”.

Na outra partida do grupo, o Pioneer manteve-se invicto ao empatar sem gols com o Cantareira.  Os próximos jogos, no dia 28, serão eletrizantes e decidirão as duas vagas do Grupo S-18. Ao Pioneer, com quatro pontos, basta um empate diante da Ponte (que tem três pontos). O time do Jardim Leme, se vencer, fica com a vaga. O empate não será tão ruim, mas fará com que os times dependam de outros resultados.

No mesmo dia, o clássico da comunidade de Heliópolis, Cantareira e Bafômetro, será de arrepiar. Nas palavras de Nego Di: “É um jogo diferente. Além de precisarmos dos três pontos, o jogo envolve pressão demais. Mas acredito no meu elenco, mesmo sem dinheiro. São meus parceiros. Não temos dinheiro, mas temos amor. Lutamos muito pra isso, tenho muitos amigos do lado de lá, mas esse choque na competição nunca aconteceu antes. Quem estiver lá vai ver um grande jogo. Eles também merecem respeito”.

O texto foi feito pelo parceiro do Papo de Várzea Marcelo Costa. Jornalista e funcionário público, ele está sempre atrás da melhor história nos campos da cidade. Escreve, também, para o Jornal É Nosso.

Voz do Terrão é o espaço que o Papo de Várzea oferece para que você conte a história do jogo que assistiu no fim de se semana. Você quer participar? Mande o relato pelo e-mail papodevarzea@gmail.com