Jogador infiltrado – Superstições: tem craque que coloca grama na cueca para dar sorte
UOL Esporte
Preste atenção quando os jogadores entram em campo. Em qualquer partida. Alguns deles se abaixam, tocam o chão e fazem o sinal da cruz. Outros pulam com uma perna só para garantir que estão entrando em campo com a perna direita. Superstição demais? Que nada… Já vi coisas realmente estranhas nos campos desse Brasil.
Se você olhar bem para o pé dos jogadores, verá que chuteira nova, mas nova mesmo, é quase uma exclusividade dos novatos do time. Sabe o motivo? É uma tradição no futebol: quando o veterano chega com chuteira nova, dá para o moleque amaciar. Ele usa três, quatro vezes e devolve. Não chega a ser uma superstição pesada, mas é batata: o garoto fica com a bolha, o tiozão, com a chuteira macia…
E quando você entra no vestiário, então? Existe todo um código de conduta. Na várzea, o lugar em que você se troca é acanhadinho, mas a ordem em que você coloca a mochila é sempre a mesma, tentando sempre se trocar ao lado dos mesmos parceiros. Se você vai de ônibus (e olha que tem muito time que freta um busão nos jogos mais importantes, para garantir que todo mundo chegue ao campo no clima), os lugares são marcados. Coitado do truta que senta no lugar errado… É obrigado a levantar rapidinho, levando tapa de tudo quanto é lado.
Outra coisa comum é usar uma peça de roupa igual em todos os jogos. Tem gente que usa a mesma meia até furar. O pior é quando a superstição está na cueca. Varzeano que é varzeano, joga sexta, sábado e domingo. No mínimo. Imagina a situação da cueca quando termina a última partida?
Tinha até cara que comia grama e terra. O motivo? “Foi o que o professor mandou fazer”. Menos folclórico, mas tão chocante quanto, era o ritual de um zagueiro que jogou comigo há alguns anos. Um dia antes de jogo importante, ele comia tijolo. Isso mesmo: tijolo! Ele quebrava um bloco daqueles vermelhões e mandava ver. Não sei se ele colocava na comida, estilo queijo ralado, ou comia com água, como se fosse groselha. Mas dizia que ajudava a se manter firme em campo. E, com sinceridade, era um dos melhores zagueiros com quem já joguei! Se a moda pega, hein…
Outra história eu vi quando ainda era moleque e estava nas divisões de base de um time grande. O cara entrava no campo antes dos jogos, pegava um pouco de grama e jogava dentro dos dois meiões e da cueca. Falava que dava sorte. Esse tinha um dos chutes mais fortes que já vi na vida. Ninguém nunca mediu, mas era a nossa versão do Roberto Carlos. O problema era o efeito da grama na cueca. Ele conseguia jogar bem por uns 20 minutos. Depois, ficava se caçando. Quando o juiz apitava, vinha reclamar que sempre acabava assado! Mas jogava muito!
Quando o UOL Esporte mergulhou no futebol de várzea, viu que as pessoas eram atenciosas, mas evitavam alguns assuntos. Quanto os jogadores ganham? Como é a relação jogador/treinador? Torcida tem poder? Para responder a tudo isso, o Papo de Várzea encontrou um espião. Ele é um veterano do futebol amador que aceitou contar os segredos do futebol amador. A cada mês, um tema novo!
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