Papo de Varzea

Melhor jogador de várzea de SP em 2013 trabalha com polimento de pisos

UOL Esporte

Edimilton Macedo trabalha em uma empresa de polimento de pisos, em horário comercial, de segunda a sexta-feira. Teria uma história de vida parecida com a de muitos homens e mulheres que vem do Nordeste para São Paulo em busca de um emprego se não fosse por um detalhe: em 2013, nenhum jogador de futebol de várzea brilhou tanto quanto ele na cidade.

Aos 28 anos, Edimilton é mais conhecido nos terrões como Baixinho. Atacante rápido e forte, ele é o destaque do Danúbio, time da Freguesia do Ó que está nas quartas de final da Copa Kaiser, o principal torneio amador paulistano. Em 20 partidas na temporada, marcou 15 gols. A média é superior, por exemplo, à de Ederson, o artilheiro do Brasileirão, que tem 15 gols nos 24 jogos do Atlético-PR no torneio.

 
O que faz de Baixinho um fenômeno dos campos? Provavelmente a própria história de vida. Quando tinha 21 anos, ele deixou a cidade de Morpará, no sudoeste da Bahia. Veio para São Paulo em busca de emprego. “Passei dificuldade na minha cidade. Não tinha emprego. Precisa de um jeito para ganhar a vida. Vim para São Paulo por causa disso”, conta.

Ao chegar, o futebol virou companheiro. Ele disputou sua primeira Copa Kaiser aos 22 anos, menos de um ano após chegar à cidade. Aos 24, já figurinha carimbada no futebol de várzea, teve uma chance no profissional. Um empresário se encantou com seu talento e o levou para fazer testes em São Carlos, no interior do estado. Não deu certo. “Ele me levou para lá e me esqueceu. Fiquei lá, sem saber muito bem o que tinha de fazer. Voltei para São Paulo e nunca mais tentei”, revela.

Os torcedores fanáticos dos clubes amadores agradecem. Ele defendeu o Ajax, da Vila Rica, dono de uma das maiores torcidas do futebol amador. Foi para o Classe A, da Barra Funda, onde foi campeão da Copa Kaiser. Ainda passou pelo Adega, de AE Carvalho, antes de chegar ao Danúbio.

Como um verdadeiro profissional do futebol amador, a vida aos fins de semana é corrida. Os times aí em cima são apenas da Copa Kaiser. Um torneio. Varzeano que é varzeano defende um time por torneio. É o caso do Baixinho. “Hoje eu jogo por uns cinco, seis times. É pesado. Mas a adrenalina compensa. Quando estava na Bahia, já jogava bola, mas nada tão organizado quanto aqui na várzea. É impressionante”.

No último domingo, o atacante passou em branco, mas fez a jogada do gol de sua equipe no 1 a 1 contra o Jardim São Carlos, de Guaianases, resultado que deixou o time em boa situação para se classificar para a semifinal da Copa Kaiser. Antes (no vídeo acima), ele marcou um dos gols na vitória sobre o Pioneer/Vila Guacuri. “Não esperava esse rendimento, mas é muito bom estar jogando tão bem. Estou disputando a minha sexta Copa Kaiser e é sempre um torneio especial. Nesse ano, está muito concorrido”.