“É mais gostoso jogar na várzea do que em times do Paulista Série A3 ou B1”
UOL Esporte
Futebol de várzea é quase um vício. Quando você começa no terrão, dificilmente consegue ficar muito tempo longe. E os exemplos disso são muitos. Neste fim de semana, dois times de torcidas enormes jogam pela Copa Kaiser e tem dois jogadores que se encaixam nesse perfil.
Maurício: da Europa para a Vila Formosa
Na Zona Leste, no campo do Americano, atrás do cemitério da Vila Formosa, o Noroeste vai jogar novamente. O time tem uma das maiores torcida da região e, nos três jogos da primeira fase, lotou as arquibancadas com muita festa. Um dos responsáveis pela alegria da torcida é o meio-campista Maurício.
Já trintão, ele é uma das caras do time. Começou a jogar futebol no interior de São Paulo, jogou em Portugal e na Turquia e encerrou a carreira no XV de Jaú precocemente, aos 29 anos. Hoje é dono de um posto de gasolina, mas não consegue ficar longe dos campos.
“Quem diz que gosta do futebol e não está jogando futebol amador está mentindo. Você vê pela televisão um jogo do profissional que não leva duas mil pessoas ao estádio. Nos jogos do Noroeste, tem sempre mais gente do que isso. No Pacaembu (na final da Copa Kaiser, com cerca de 30 mil pessoas) tinha muita gente. Futebol amador é festa”, diz o volante.
Fernando: prata da casa do Nove de Julho
A opinião é parecida com a do goleiro Fernando Pendloski. Ex-profssional que rodou por São Paulo, ele começou a carreira no Nove de Julho e hoje está de volta ao clube. Morador da Casa Verde, ele lembra da época em que ia aos jogos de caminhão. “Outro dia eu estava assistindo um jogo na TV que tinha 35 pessoas. Uma partida do Nove de Julho tem pelo menos 500 torcedores. A comunidade acompanha, se dedica e o jogador sente isso. Vem te abraçar na vitória e te apoia nas derrotas”, conta o jogador.
Para ele, o crescimento do futebol amador faz com que seja muito mais gratificante para o atleta jogar pelo time do bairro do que rodar por times de divisões menores. “O negócio na várzea foi crescendo e começou a ser respeitada. Os comerciantes locais começaram a dar mais apoio e hoje é um mercado. Você pega times que já foram campeões da Kaiser e percebe que eles têm vários patrocinadores. O comércio local vê que existe uma oportunidade de ser visto”, fala. “Com tudo isso, é mais gostoso jogar no amador do que em um time da A3, da B1”, completa.