Lendas da Várzea: Delegado salva equipe de briga na Zona Norte
UOL Esporte
Briga faz parte do imaginário do futebol de várzea. Hoje, elas são mais raras (pelo menos nas competições mais importantes), mas ainda acontecem. Há alguns anos, não era assim. A história agora é contata por um veterano do Nove de Julho, um dos times mais tradicionais da Zona Norte da cidade.
O delegado que salvou o dia
Eu nasci em Minas, mas vim para São Paulo com 11 anos. Quando fiz 15, entrei para o juvenil do Nove de Julho. Era o time mais forte do bairro e era uma honra vestir aquela camisa. Com 16 anos, cheguei ao quadro principal. No primeiro jogo, achei que iria ficar no banco. O camisa 10, o Maquitão, era o titular. Mas ele faltou naquele dia e o técnico me colocou na meia-esquerda. Herdei o número 10 e foi a camisa que usei pelos dez, 15 anos seguintes.
Nesse período, muitas coisas aconteceram. Quebrei o braço, quebrei a perna, mas uma das partidas que mais marcaram aconteceu no Vasco da Vila Guilherme. Naquela, época, a gente ia para o jogo na caçamba do caminhão. Não tinha ônibus, como agora, ninguém tinha carro.
Entramos nos vestiários, nos trocamos e deixamos tudo trancado lá dentro. No meio do jogo, saiu uma briga feia. Foi tão ruim que, quando a gente estava saindo do campo, os jogadores do outro time e os torcedores formaram uma barreira. Falaram que ninguém ia entrar no vestiário.
A discussão foi feia. No final, a gente só conseguiu pegar as roupas graças ao juiz. O Faria estava apitando o jogo. E ele era policial. Chegou gritando: ‘Deixa os garotos passarem. Eles vão pegar a roupa, sim’. A gente saiu correndo, pegou as roupas e foi direto pro caminhão, sem banho nem nada.
Essa é a história de Domício Toledo, o Batatinha, que jogou no Nove de Julho dos anos 60 até os anos 80 (sem contar o período pelos veteranos…).
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